A tarja no Flow Podcast pedindo ao público que pesquisasse “sobre tudo que for dito nesse programa”, enquanto Bolsonaro mentia a mil por hora, é uma aberração.
O apresentador Igor “3K” Coelho transferiu para a audiência uma responsabilidade que deveria ser dele. Lavou as mãos e deixou o diabo engrupir ao longo de cinco horas, com mais de 500 mil assistindo online.
É a era do comunicador Pilatos.
Você pode argumentar que Igor não é jornalista, que aquilo é uma conversa de boteco etc. Balela. Diante dele está um presidenciável, cuja arma é a fake news, usando o programa como palanque. O mínimo que o interlocutor deve fazer é tentar conter a torrente de lixo atirada sobre sua plateia.
A lição de 2018 não foi aprendida. Bolsonaro é uma caixa de ressonância da Tia do Zap, usa esse bolo fecal com maestria e o espalha através do megafone fornecido por idiotas úteis.
Quando você repete mentiras ou as ouve impassivelmente, está plantando sementes e espalhando a mensagem que o canalha do Planalto quer que as pessoas ouçam.
O sujeito divulgou inverdades sobre o golpe de 64, a vacina contra varíola do macaco, a pandemia, as urnas eletrônicas, o Pix etc. Eventualmente, Igor soltava um comentário boçal: “Eu não tinha pensado nisso…”.
Se o entrevistador não tem condições de enfrentar a torrente de lorotas, contrate uma equipe. Nos EUA, a mídia local levou anos para chamar Trump de “mentiroso”. Em seu discurso após a derrota para Biden, as TVs simplesmente o tiraram do ar quando ele começou com as cascatas.
Igor, ex-parceiro do Monark, tratou sua audiência como o gado do cercadinho. Vai ganhar muito dinheiro com isso, assim como o YouTube e os demais cúmplices dessa tragédia que tem como vítima um país.