Originalmente publicado em BLOG DO MOISÉS MENDES
Por Moisés Mendes
Há uma encenação sendo preparada em Brasília. Será a mais grotesca farsa da pandemia.
Alguém com ideias brilhantes inventou que Bolsonaro deve liderar o começo da vacinação no Brasil, mesmo sendo o chefe da sabotagem contra qualquer plano de imunização.
Essa é a trama. Na terça-feira, dia 19, Bolsonaro chamaria governadores aliados a Brasília e participaria de um evento de lançamento da vacinação. Um idoso e um profissional da saúde seriam vacinados diante de Bolsonaro.
O sujeito que empurra para a morte os velhos, os médicos, as enfermeiras e todos os profissionais da linha de frente da guerra ao coronavírus seria o protagonista de um embuste.
O plano prevê antes a viagem do avião que vai hoje à Índia para buscar 2 milhões de doses de vacina. O avião retorna no sábado.
Na terça, fazem o teatro no Palácio do Planalto, quando Bolsonaro e Pazuello deflagram o que alguém já chamou de imunização cenográfica.
Qual vacina seria usada na encenação de terça-feira? Ninguém diz. Bolsonaro, o genocida reconhecido mundialmente, faz seu teatro com qualquer vacina, desde que não seja a chinesa.
Mas antes dessa cena tem no domingo o anúncio da Anvisa sobre a liberação ou não, em caráter emergencial, das vacinas do Butantan (CoronaVac) e da Fiocruz (Oxford com a AstraZeneca).
Pode acontecer de aprovarem a vacina da Fiocruz e apresentarem restrições à vacina do Butantan? Pode tudo. Podem esculhambar com a vacina do Butantan, na tentativa de transformá-la em algo inconfiável.
A Folha apurou que, dos cinco diretores que decidem, no voto, o que deve ser liberado, apenas dois são servidores de carreira da Anvisa. E todos os cinco estão nos cargos por indicação de Bolsonaro. Há no grupo até uma médica defensora da cloroquina.
Eles podem simplesmente dizer que a vacina chinesa não deve ser liberada agora. Seria absurdo? O que é mais absurdo do que o conjunto de atos e fatos de Bolsonaro e Pazuello?
Vamos levantar uma hipótese, dentro da lógica dos desatinos que caracterizam até agora a sabotagem feita pelo governo: a Anvisa não libera a vacina do Butantan, há uma reação inicial e na terça Bolsonaro comanda o espetáculo do começo da vacinação com a vacina da Fiocruz.
Assim ele tira de Doria Júnior a primazia do início da vacinação no Brasil, previsto há semanas em São Paulo para o dia 25.
É improvável? Nada é improvável desde que o Brasil elegeu Bolsonaro e seus filhos para que governem o país.
Bolsonaro faz o que bem entende e não acontece nada. Até agora não aconteceu. Vamos nos preparar para o domingo e a terça-feira.