Um bom pedaço do Brasil vai dormir, todas as noites, pensando no que estará à espera do país no dia seguinte. Mas o que temos todas as manhãs é Bolsonaro no cercado do Alvorada dizendo besteiras, e o filho Eduardo fazendo ameaças.
É um vexame para a democracia brasileira que líderes políticos, juristas, jornalistas e cientistas políticos estejam sempre de prontidão para responder às provocações de Eduardo Bolsonaro.
O filho de Bolsonaro é o Lacerda da extrema direita bolsonarista, o sujeito que passou a pregar quase todos os dias um golpe contra o próprio pai, como única forma de vê-lo fortalecido.
A extrema direita brasileira é tão medíocre que o porta-voz do golpe, o desafiador das instituições, o anunciador da ruptura é um filho de Bolsonaro. Estamos às vésperas de um inédito golpe familiar.
Um deputado medíocre, incapaz de provar que fritou hambúrgueres nos Estados Unidos, mobiliza gente de todas as áreas e pensadores do Direito para que respondam seus ataques à democracia e ao Supremo.
Bolsonaro tem os filhos, os militares, Olavo de Carvalho e Ives Gandra Martins para defender a intervenção das Forças Armadas, mesmo que os militares digam que não querem saber de nada disso.
O bolsonarismo achinelou o debate sobre um golpe improvável. Se um dia o país for mesmo golpeado, poderemos contar mais adiante que Eduardo Bolsonaro puxava o debate.
É triste, é desolador. Um sujeito sem condições de articular uma frase com algum fundamento é o mensageiro do golpe.
Compartilho abaixo, para que a controvérsia ganhe em qualidade, um manifesto divulgado ontem por um grupo de juristas, que trata da falsa polêmica em torno do artigo 142 da Constituição.
É o artigo citado por Ives Gandra, que Eduardo Bolsonaro repete como um papagaio gago, sem entender nada do que diz.
O título do manifesto é exatamente “Artigo 142 da Constituição, as aventuras antidemocráticas e os custos políticos e econômicos para a nação”.
Foi assinado por Germano Silveira de Siqueira, Guilherme Guimarães Feliciano, Hugo Cavalcanti Melo Filho, Paulo Luiz Schmidt, Gustavo Tadeu Alkmim e José Nilton Ferreira Pandelot, ex-presidentes da Anamatra (Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho); por João Ricardo dos Santos Costa, ex-presidente da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros); e por Jorge Antonio Maurique é ex-presidente da Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil.