O golpe contra Maduro e o fracasso de Bolsonaro. Por Moisés Mendes

Atualizado em 1 de maio de 2019 às 10:20

PUBLICADO ORIGINALMENTE NO FACEBOOK DO AUTOR

POR MOISÉS MENDES

A mais recente tentativa de golpe na Venezuela é coisa de filme do Monty Python. Na primeira tentativa, em fevereiro, teve aquele pastelão da ajuda humanitária com dois caminhões com sacos de farinha de trigo. Deu no que deu.

Nessa tentativa de hoje, os militares brasileiros e a inteligência americana estavam certos de que os generais de Maduro iriam se bandear para o lado do Trump e do Bolsonaro.

Seria tudo muito fácil. E aí começou a comédia. Leopoldo López, um dos golpistas, saiu da prisão domiciliar e foi para as ruas, atraído por uma armadilha do farsante Juan Guaidó.

Guaidó disse a López que os generais já eram deles. O Departamento de Estado americano informou que Maduro estava acomodado na primeira classe de um avião russo que seguiria para Cuba.

Sonia Coutinho, correspondente da Globo em Nova York, disse depois no Jornal Nacional que suas fontes no Departamento de Estado não sabiam de nada.

A moça desqualificou as fontes e o próprio trabalho. Suas fontes achavam que o golpe seria apenas no Primeiro de Maio. Que fontes?

A correspondente depreciou no ar informantes de quinto escalão, que podem ter sido os mesmos que informaram Bolsonaro, o Itamaraty e os generais brasileiros.

No Brasil, durante toda a tarde a GloboNews dizia que estava tudo pronto para o fim da Era Maduro. Que os generais de Bolsonaro sabiam de tudo. E que Bolsonaro já havia declarado a guerra.

Logo depois, Rodrigo Maia mandou um recado a Bolsonaro. Disse ter lido a Constituição e que a Constituição determina que uma declaração de guerra só é feita com autorização do Congresso. Claro que Bolsonaro não sabia. Bolsonaro não sabe nem onde fica a Venezuela.

Mas, pela Constituição, o próprio Maia, o Alexandre Frota, o Bibo Nunes, a Joice Hasselmann, o Pastor Feliciano, o Major Olímpio e o Flavio Bolsonaro tinham que liberar Bolsonaro para o ataque, tudo em nome do Congresso, do povo e da democracia.

Em Roraima, Eduardo Bolsonaro visitava venezuelanos refugiados, com pose de estadista, pronto para entrar na guerra pela fronteira com duas arminhas de dedos.

E assim foi até o anoitecer, quando Leopoldo López buscou asilo na Embaixada do Chile (depois foi para a Embaixada da Espanha) e Guaidó desapareceu.

O resultado prático é que dezenas de militares venezuelanos de baixa patente cruzaram a fronteira e pediram asilo no Brasil.

Desde que assumiu, Bolsonaro incitou os militares para que derrubassem Maduro. E os militares se acovardaram e procuraram refúgio no Brasil, para ficar ao lado de Bolsonaro.

Os milicos que deveriam acabar com o bolivarianismo acabam se transformando em perdedores que passam a viver por conta do Brasil.

O golpe fracassou de novo, e Brasília está lotada de valentes oficiais venezuelanos. Se o ritmo for mantido, até o fim do ano todas as Forças Armadas venezuelanas terão se transferido para o Brasil.

Bolsonaro fracassa até como ajudante de golpistas.