Publicado no Facebook de Luis Felipe Miguel, professor da UnB
Imagino que a liberdade de expressão no ENEM agora garanta que nenhum candidato será penalizado por responder que 2 + 2 = 5.
Alguém pode argumentar que são coisas diferentes, que a noção de proteção dos direitos humanos não desfruta do mesmo grau de certeza científica que uma equação matemática.
Essa é exatamente a posição dos obscurantistas do Escola Sem Partido.
Ocorre que educação não é adestramento. O ensino superior não programa máquinas. Forma pessoas, profissionais que também são cidadãos e que vão interagir com outras pessoas.
Uma sociedade democrática – não que seja esse o caso do Brasil – tem o direito de exigir que o acesso a esse espaço privilegiado, que por sua vez fornece instrumentos também privilegiados de intervenção no mundo social, esteja condicionado à adesão a um conjunto mínimos de valores, como o respeito às diferenças e o reconhecimento da igualdade de todos os seres humanos.
O lado positivo da decisão de Carmen Lúcia é que mostra, uma vez mais, que não adianta ter a ilusão de que as instituições, Supremo à frente, vão nos proteger.
O STF está a serviço da casa-grande e nem se preocupa mais em esconder isso.