David Deccache, Mestre em Economia pela Universidade Federal Fluminense e Doutorando em Economia na Universidade de Brasília, faz uma análise sobre a PEC que aumentará o Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600, além de criar outros benefícios para os brasileiros.
Ele destaca quais pontos positivos do projeto para a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). David exerce o cargo de Assessor Econômico da bancada de Deputados Federais do PSOL e é autor do livro “Teoria monetária moderna: A chave para uma economia a serviço das pessoas”.
Confira abaixo o artigo escrito por ele:
Acho que foi positivo tanto para a campanha quanto para os rumos do próximo governo Lula o pacote oportunista do Bolsonaro.
Empurra Lula para a esquerda na política fiscal e desmascara a parcela de economistas “progressistas” que ainda mentem dizendo que o dinheiro acabou e que a austeridade é a única saída. Desmascara os que dizem que nós não temos capacidade de fazer política fiscal pois somos periféricos e não emitimos dólares.
Desmascara os que diziam que rasgar as regras fiscais para ampliar gastos sociais elevaria a inflação a níveis insustentáveis e que o mercado exigiria altas taxas de juros para financiar o endividamento, ignorando que o mercado não decide absolutamente nada sobre a capacidade do governo de gastar na própria moeda que emite toda vez que realiza um gasto.
No fim das contas, o pacote de combate à pandemia em 2020 e a PEC eleitoreira do Bolsonaro são os exemplos de que podemos muito mais do que se imagina.
Torço para que a campanha do PT e os economistas que assessoram Lula compreendam isso e rasguem de vez as regras fiscais que constrangem a capacidade do Estado em cumprir com as suas obrigações sociais. Temos que gastar o que for necessário para mobilizar plenamente a nossa capacidade produtiva disponível para reconstruir este país e esmagar de vez o bolsonarismo
E isso se faz com gastos que estimulem a forte geração de empregos de qualidade; a recuperação da renda dos trabalhadores e a reconstrução da nossa infraestrutura física e social. E dane-se o mercado. Não precisamos dele, são eles que precisam do governo.
Sem compreender isso, o bolsonarismo continuará nos assombrando, independente do resultado das eleições.