Publicado originalmente na Rede Brasil Atual.
Depois de 580 dias nas proximidades da sede da Polícia Federal, em Curitiba, o acampamento da Vigília Lula Livre começou a se desmontado no sábado (9), um dia após o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter concedido, pela Justiça, o alvará de soltura apoiado no entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), que foi favorável à prisão apenas depois do trânsito em julgado – quando todos os recursos foram esgotados.
Em entrevista ao jornalista Glauco Faria, da Rádio Brasil Atual, o coordenador da vigíli,a Roberto Baggio, integrante da direção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), fez um balanço da resistência organizada que acompanhou o ex-presidente desde o dia de sua prisão, em 7 de abril de 2018, e que se encerra deixando um legado. “Essa foi uma batalha vitoriosa, progressista e, mais uma vez, ela revela que é possível vencer quando a gente se organiza e se propõe a lutar”, destaca o Baggio.
Naquele dia da prisão de Lula, a vigília já nasceu como uma decisão política, por conta da enorme repressão e violência com que foram recebidos os militantes que acompanhavam o ex-presidente em Curitiba. De lá até este sábado, o acampamento se fixou como uma forma de pressão popular pela liberdade de Lula. Só nesta sexta-feira (8), quando o ex-presidente a teve sua saída decretada, a organização estimula que ao menos 10 mil pessoas estavam presentes no acampamento, com caravanas de todo o Brasil, que buscavam testemunhar aquele fato histórico, como descreve o coordenador. “Todo mundo estava esperando, querendo abraçar o Lula. Foi um momento muito especial ele saindo e sendo carregado e abraçado pelos militantes que estavam aqui.”
Ao longo deste período de um ano e sete meses, a vigília Lula Livre ficou também marcada pelo acolhimento e apoio das diversas personalidades e lideranças políticas, jurídicas, artísticas e religiosas que visitaram o ex-presidente Lula. Agora, de acordo com Baggio, mesmo com a liberdade conquistada, a resistência segue.
“Foi uma batalha conjuntural vencida, que era a batalha política central desse período histórico. Agora se abrem outras tarefas, sobre como a gente vai recuperar plenamente a democracia, como vamos erguer nesse país um projeto popular aproveitando da riqueza material e de conhecimento a serviço dos 200 milhões de brasileiros. Para isso tudo nós precisamos elaborar um grande processo popular de organização política que envolva estes minhões de brasileiros, somente com isso será possível enfrentar a violência das elites”, finaliza.