Por Fernando Brito
Nem o PT romperá com a candidatura Freixo, no Rio de janeiro, nem Alessandro Molon será candidato ao Senado.
Este é o desfecho provável da tola crise em que está metida a esquerda no Rio de Janeiro, que não soube e não sabe estar à altura das responsabilidades que tem, no terceiro maior colégio eleitoral do país.
Molon não digeriu a entrada de Freixo no PSB, vindo do Psol, a qual tirou dele a condição de inconteste na sua liderança sobre o partido, este é o primeiro fato.
O segundo, é que a operação que trouxe Freixo ao partido – assim como Flávio Dino, ex-governador do Maranhão – deu-se dentro de um acordo de composição entre partidos e Molon, presidente do PSB do Rio de Janeiro não tem como alegar desconhecimento do que se negociou. Se o acordo foi bom ou não, isso são outros quinhentos.
Não tenho a menor simpatia por André Ceciliano, o candidato do PT ao Senado, esclareço logo. Nem é “simpático” criticar Molon, que conta com simpatias na classe média e entre intelectuais.
Mas que era parte do acordo a candidatura ser do PT, todos – inclusive Molon – sabem e descumprir o combinado em nome de uma ambição pessoal é péssimo cartão de visita para quem afirma ser a coerência e a fidelidade político-ideológica o seu principal diferencial em relação ao petista.
Quem está há muitos anos na janela da política apostaria todas as fichas em uma estratégia de Molon para ter uma votação estrondosa para deputado federal, talvez perto de 400 mil votos e é por isso, de olho na bancada que isso ajudaria o PSB a fazer, no Rio, que a direção nacional do partido ainda não o enquadrou. É notório que sem as ações do presidente do PSB nacional, Carlos Siqueira, o impasse já estaria resolvido.
Só que isso se dá em prejuízo da candidatura a governador de Marcelo Freixo, que já tem pouca gordura para queimar e que precisa “colar” em Lula para ter chance de vitória, embora seu principal adversário, seja um sujeito obviamente limitado, desprovido de significado próprio e sustentado por uma máquina miliciano-fisiológica, de matriz bolsonarista, além da coligação fundamentalista das igrejas neopentecostais.
Castro é vulnerável e acumular uma série de escândalos – a contratação milhares de cabos eleitorais comprovada hoje pelo UOL é só um deles – que estão longe do conehecimento público e que a campanha eleitoral vai expor.
Ou não, se estivermos nos consumindo por uma briga interna e egoísta.
O impasse na definição do candidato ao Senado, já a dez dias do início da campanha aberta, coloca limites na posição de “infinita paciência” de Lula na costura de uma unidade onde cedeu a não mais poder em matéria de alianças.
Há a possibilidade de que ceda de novo, com duas candidaturas ao Senado no Rio? Sim, há. Mas a aliança de esquerda estará trincada, com grave risco para a possibilidade de eleição de Freixo.
(Texto originalmente publicado em TIJOLAÇO)