Por Moisés Mendes
João Doria é um caso a ser melhor estudado como fracasso e rejeição. Mas há consenso em torno de pelo menos um componente do processo de destruição da sua imagem.
Doria foi massacrado pelo movimento pró-golpe em que Aécio Neves esteve a serviço de Eduardo Leite.
Doria venceu as prévias do partido para ser candidato a presidente em 27 de novembro do ano passado. São seis meses desde a sua vitória contra Leite, até a decisão de desistir, nesta segunda-feira.
Nesses seis meses, quando deveria ter o partido em torno do seu nome, como vitorioso de uma disputa difícil, viu as articulações contra ele serem maiores do que a mobilização em defesa da sua candidatura.
Aécio e Leite não deixaram Doria em paz desde o dia 27 de novembro, enquanto crescia nas pesquisas o índice de rejeição ao seu nome. O governador da vacina, o pioneiro da ideia de oferecer imunização a todos, o cara que enfrentou Bolsonaro não emplacou como opção da direita.
Se não fosse a artilharia disparada por Aécio e Leite, com o apoio de caciques tucanos, é provável que Doria estivesse acima dos 3% da preferência do eleitorado, um vexame para um ex-governador do mais poderoso Estado do país.
Mas Doria não teve quem o defendesse das matilhas golpistas. E passou esses seis meses tentando afastar os que pretendiam se apoderar da candidatura que ele conquistara numa disputa feita no voto.
Aécio e Leite podem ter sido os maiores culpados pela implosão de Doria e, quem sabe, até do que restava do PSDB. O mineiro e o gaúcho são hoje os melhores representantes da política do vale-tudo contra os próprios parceiros de partido.
Foi o movimento de destruição de Doria que levou o partido a anunciar que ele não teria nem verba para fazer campanha, porque os recursos seriam destinados em maioria à candidatura de consenso da terceira via.
Mesmo que Leite não consiga ser, como ainda pretende, o candidato tucano em substituição a Doria, o golpe funcionou. O grande objetivo era destruir Doria. Foi o que aconteceu.
O massacre imposto pelos próprios parceiros de partido a João Doria é uma das coisas mais repugnantes da política pós-ditadura.
Foi uma articulação de traidores inédita, com esse formato, na democracia. Nunca um governador do mesmo partido fez com um colega o que Leite fez com Doria.
(Originalmente publicado em BLOG DO MOISÉS MENDES)
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