Um tirano nunca será um tirano sem cúmplices e eles, no dia certo, também pagarão pelos crimes que acobertaram.
Na live em que Bolsonaro usou um suicida para atacar o lockdown e vender cloroquina, rompendo os próprios limites de imundice, uma figura risonha assistiu tudo ao lado dele.
Não era um qualquer. Era um médico.
O nome dele é Marcelo Morales, secretário de Pesquisa e Formação Científica do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.
Seu currículo é reluzente: graduação em Medicina pela Universidade de São Paulo e doutorado em Ciências Biológicas (Biofísica) pela UFRJ, onde hoje é professor.
Sua linha de pesquisa é centrada na área de Biofísica e Fisiologia. É membro Titular da Academia Nacional de Medicina e da Academia nacional de Farmácia.
É a prova de que a Ciência, sozinha, não salva um caráter e não implica em ética ou moral. Os médicos bolsonaristas não trabalham pela vida.
O assistente do ministro astronauta Marcos Pontes foi instado a falar o que achava do fechamento do comércio num momento em que batemos recordes de mortes.
“Presidente, acho que depende tecnicamente de cada momento e situação…”, respondeu.
Bolsonaro então o interrompeu: “Temos um ano de lockdown e o vírus ainda tá aí!”
Morales permaneceu ao lado do líder fascista enquanto ele fazia sua peroração pagã, sua pregação de morte.
Esboçou um sorriso quando o presidente leu suposta carta de um feirante que se matou em Salvador, estado governado por um inimigo.
Calou-se quando Bolsonaro mentiu declarando que o lockdown é mais danoso que o vírus. Naquele instante, marcávamos 2233 brasileiros indo a óbito em 24 horas.
Morales fez parte do trem da alegria que foi a Israel com dinheiro público buscar um spray nasal inócuo.
Vai poder sempre dizer que cumpria ordens.
É um clássico. O arquiteto Albert Speer era chamado de “bom nazista”.
Fez o projeto da Berlim dos sonhos do führer, construiu as principais obras monumentais da Alemanha naquele período.
Foi preso após a guerra e ficou milionário com livros contando sua história.
“Encontrei um homem que encarnava o mal, e para quem a vida humana não tinha qualquer valor interior”, alegava ele, que fazia parte do círculo íntimo de Hitler.
Speer estava apenas “cumprindo ordens”. Os asseclas de Bolsonaro sempre poderão repetir a mesma coisa.
Brazil's president Jair Bolsonaro went live today to read a suicide letter in a anti-lockdown speech. It's a violation of @Facebook, @youtube and @instagram policies, but the videos are still available on these platforms pic.twitter.com/J5yuOiJiln
— Samuel Pancher (@SamPancher) March 12, 2021