O namoro da mídia com Marina. Por Ricardo Cappelli

Atualizado em 3 de maio de 2018 às 12:41
Marina Silva. Foto: José Cruz/ Agência Brasil (05/10/2013)/Fotos Públicas

Merval Pereira, o ventríloquo da família Marinho, abre a semana com artigos defendendo Marina. A Folha estampa Marina em sua capa. O destino de Temer afastou a Globo, favorável a sua queda, dos jornalões paulistas. Marina parece uni-los.

A ex-senadora é uma candidata sem base partidária, ideal para as pretensões “globais”. Seria uma eterna refém nas mãos dos canhões de Bonner e sua trupe.

Para Otavinho Frias, dono da Folha determinado a provar-se intelectual, nada mais charmoso que passear em Paris com uma ambientalista, egressa da Amazônia, “ongueira” e amiga de seus parceiros financistas da Avenida Paulista.

Marina apoiou o impeachment e apóia os métodos da Lava Jato, que levou a Europa, esta semana, a consolidar barreiras à importação da carne brasileira.
Mais um desastre para economia nacional “made in Curitiba”.

A Lava Jato segue o roteiro consagrado de operações similares em outros países. Dentre seus preceitos está a necessidade de fatiar o mundo político de forma a impedir que os políticos se unam contra a ofensiva.

Começaram pelo PT, com Joaquim Barbosa inaugurando o instituto do domínio do fato. Apeada Dilma do poder, Janot comandou a segunda etapa contra Temer e o PMDB.

Movimentos sempre coordenados com a Globo, líder da Aliança do Coliseu, bloco formado com setores antinacionais da burocracia estatal que quer jogar a política aos Leões, inaugurar uma democracia sem povo, tutelada, dirigida por neopositivistas em sintonia com os grandes interesses do mercado.

O fracasso do ataque a Temer foi a primeira grande derrota da Aliança. O presidente demonstrou capacidade de resistência. No início do ano, com a iminente prisão de Lula, Temer nas cordas e cardeais do PMDB encarcerados, a Aliança deu mais um passo.

Sem muito alarde a Lava Jato deslocou para São Paulo, ninho dos Tucanos, mais oito procuradores. A força tarefa na cidade, que contava com apenas três procuradores, mais que triplicou seu efetivo.

Paulo Preto, o principal operador do PSDB, flagrado com mais de cem milhões no exterior, é preso no dia seguinte em que Moro determina a prisão de Lula. Coincidência?

Nem tudo acontece como planejado. Raquel Dodge foi a segunda colocada na eleição para a Procuradoria Geral da República. O primeiro colocado, Nicolau Dino, foi preterido por Temer. Quem foi o principal cabo eleitoral de Raquel? Acertou quem disse Gilmar Mendes.

A transformação da denúncia de corrupção contra Alckmin em caixa dois, livrando-o da Lava jato, foi uma clara manobra da PGR para blindar o ex-governador.

Ninguém chega ao poder por acaso. Ninguém chega em segundo numa eleição e se torna primeira impunemente. Brasília sempre cobra seu preço.

Mesmo com Gilmar e a ofensiva para blindar Alckmin é pouco provável que a força tarefa da Lava jato saia de São Paulo com as mãos abanando. Cabeças serão entregues.

Nenhum Tucano é comparável a Lula politicamente. Contra Lula não há prova. Entretanto, no imaginário popular colocar Aécio e outros Tucanos graúdos na cadeia terá um forte impacto. Por que só Lula? É insustentável este questionamento.

Em editorial e matérias de capa O Globo decreta o fim do PSDB e passa o recibo na estratégia de tentar “lavar” a prisão de Lula: “Aécio convertido em réu abala teoria persecutória do PT”, afirma em editorial. “Aécio réu é duro golpe em todo PSDB”, decreta Merval.

 Roberto Marinho não escolheu Collor em 89. Sabia quem derrotar. O Alagoano foi se oferecendo e acabou abençoado. Janot nutre simpatia por Marina. Dallagnol também. A Globo idem. A Folha namora.

Marina é frágil, não tem um partido pra valer, mas está sendo testada. Bolsonaro é cada vez mais um útil espantalho. O jogo real é outro.