A notícia é um insulto em si.
Após o golpe de Estado que destruiu a economia e produziu o maior contingente de brasileiros desempregados e endividados já registrados no país, Temer manda de vez para as cucuias o tão alardeado ajuste fiscal de sua equipe econômica.
Na mesma toada que se julga no direito de exigir da população sacrifícios obscenos como a completa perda de seus direitos trabalhistas e a extinção de sua aposentadoria, escancarou os cofres públicos no mais flagrante balcão de negócios que se tem notícia na história recente do país.
Vendo o seu governo ruir dia após dia e às vésperas da votação na Câmara dos Deputados da denúncia apresentada pelo Procurador-Geral da República, Temer se agarra ao único “argumento” aceitável entre os páreas que o colocaram na presidência: dinheiro.
Segundo a agência Reuters, no mês de junho a liberação de recursos para parlamentares apresentou um crescimento vertiginoso completamente incompatível com a sequência desastrosa na arrecadação de impostos verificadas pelo governo federal durante todo o ano de 2017.
Enquanto nos primeiros cinco meses do ano os valores somados em emendas não chegaram a R$ 1 bilhão, só no mês passado foram repassados inacreditáveis R$ 4,2 bilhões aos senhores parlamentares numa desesperada e criminosa tentativa de manter, às custas do dinheiro público, a sua base aliada.
O esquema é tão flagrante que, não por acaso, chega a obedecer um curioso padrão entre os beneficiários da farra.
Dada a deficiência moral do Congresso mais reacionário já eleito em todos os tempos, não é tarefa fácil, mas conferindo a lista dos excelentíssimos agraciados com a gastança de Temer, pode-se concluir que os campeões de recebimento são justamente os, digamos, de caráter mais duvidoso.
Dispensando apresentações, em primeiríssimo lugar vem o inominável deputado Jair Bolsonaro. Dono de sete mandatos legislativos e apenas um único Projeto de Lei aprovado na vida, o cidadão que faz da homofobia, da violência, do preconceito e do desrespeito sua plataforma política, recebeu R$ 18,5 milhões só no primeiro semestre do ano.
Em segunda colocação, mas campeão disparado em ações na Lava Jato, vem o recém-retornado ao Senado Federal graças à condescendência fraternal do STF aos tucanos, o menino do Rio, Aécio Neves. O iluminado que prometeu matar seu próprio primo antes de uma possível delação, recebeu no mesmo período a singela quantia de R$ 18,4 milhões.
Na terceira posição, esclarecendo muitas coisas, segue o senador Cristovam Buarque, seguramente a maior decepção moral de toda a esquerda. Traidor convicto de tudo que já defendeu nos seus melhores dias, o golpista que se aliou ao que de pior pode haver na política brasileira amealhou nada menos que R$ 17,7 milhões desse arremedo de governo.
A lista segue com o que você já pode imaginar em se tratando dos aliados do único presidente denunciado formalmente no exercício de seu mandato em toda a nossa história democrática.
Um verdadeiro festival de horrores que se arrasta poço a dentro sob os olhares incrédulos e estupefatos do mundo inteiro.
Cristalino mesmo é que diante do terror, do desgoverno, da desesperança, da humilhação e da vergonha que vivemos diariamente impostos por Michel Temer, uma coisa pode-se dizer particularmente organizada: na quadrilha do golpe, os mais desonestos são os que recolhem mais do butim.