O barulho de uma garrafa se espatifando. Essa foi a ignição para a polícia dispersar a manifestação desta sexta-feira, o 2º grande ato conta o aumento da tarifa, convocado pelo Movimento Passe Livre.
A caminhada se iniciou na praça do Ciclista, na avenida Paulista, e após uma breve parada em frente à sede da Prefeitura, seguiria para a Secretaria Estadual dos Transportes.
Discurso, palavras de ordem, gritos de guerra, projeções na fachada do prédio (como uma foto de Fernando Haddad contando a legenda ‘Je suis catraca’), tudo no clima pacífico tão desejado pela parcela que não sai às ruas para reivindicar nada e condena os desfechos dos atos baseado no que lê e assiste na grande imprensa (e que hoje está lendo que tudo começou com rojões atirados pelos manifestantes. Mentira.)
Assim que a garrafa caiu (bem verdade que próxima ao cordão de soldados que protegiam a fachada da Prefeitura mas se arremessada ou caída das mãos de alguém, mesmo tendo ocorrido muito perto de mim não sou capaz de responder), o pelotão postou-se em forma de combate, a multidão assustou-se, logo começaram gritos e alguma correria e em 3 segundos a primeira bomba caiu. Uma tempestade delas veio um segundo depois, acompanhadas de tiros.
Grupos tentavam se proteger encostando-se nas laterais e calçadas, sem correr (afinal não haviam feito nada). Eram atingidos covardemente. Mulheres, crianças e vendedores ambulantes acuados e assustados. Em frente ao Teatro Municipal, um grupo de moradores de rua igualmente atacados passou muito mal sob efeito do gás.
A partir daí o caos se instala, depredações ocorrem, detenções são feitas, o roteiro de sempre.
A escrita se repete não apenas de uma manifestação para a outra mas também neste 2015 em relação a 2013. Também naquele ano as primeiras manifestações já apresentaram uma violência policial desnecessária, sem vítimas graves porém existentes, do mesmo modo após duas ou três edições os editoriais de Folha e Estadão pediam uma atuação mais enérgica contra atos de vandalismo (fizeram isso novamente na véspera). Precisaremos ter a repetição do massacre de 13 de junho? Chegaremos a isso novamente? Aquela parcela da sociedade a que me referi acima, que no início era contra, depois ficou a favor, depois ironizou e agora está contra outra vez, vai mudar mais uma vez de opinião se algum repórter de seu jornalão sair ferido?
Tanto na semana passada como ontem, não ocorreram casos de vandalismo que exigissem uma ação da polícia. A ordem é sempre inversa. A polícia ataca e então a massa sai de controle. Natural.
A sequência das manifestações de 2015 está guardando uma semelhança espantosa com 2013. Na próxima terça-feira um novo round. Mais do mesmo?