Uma mulher é segunda pessoa mais poderosa do Movimento ao Socialismo (MAS) boliviano. Na hierarquia do MAS, ela só perde para o presidente do partido, Evo Morales.
É Elizabeth Paco (foto), que presidiu a Federação das Mulheres Interculturais e foi eleita nessa quarta-feira para o cargo no congresso nacional do MAS.
Outra mulher, Eliana Guzmán, passa a ocupar o terceiro posto mais importante do MAS, o de secretária de Relações Internacionais.
Eliana é líder da Confederação Nacional das Mulheres Campesinas Indígenas Bartolina Sisa.
Mas a situação é complicada na Bolívia, onde o atual presidente, Luis Arce, afastou-se formalmente do MAS, depois de meses de confrontos com o próprio Evo. E Evo já anunciou que será candidato a presidente em 2025.
Na definição do congresso do MAS, Arce se autoexpulsou do partido. O presidente foi ministro da Fazenda de Evo e era muito próximo do líder máximo do Movimento ao Socialismo.
Desentenderam-se porque Evo passou a criticar decisões do presidente e afrontou ministros de Arce, que considera incompetentes. Evo é acusado de temer a ascensão de novas lideranças.
Outro problema: a seção de Santa Cruz de la Sierra, da mesma federação a que Eliana Guzmán é ligada, pediu à Justiça que sejam anuladas as decisões do congresso do MAS.
É a briga interna que se aprofunda no socialismo boliviano, até bem pouco tempo liderado sem contestações por Evo. No congresso, mais de 10 ex-dirigentes do MAS foram expulsos da agremiação.
A compensação, em meio à briga dos homens, é que na Bolívia as mulheres mandam e desmandam, com forte presença em postos executivos e no parlamento.
O MAS tem, por deliberação incluída nos estatutos do partido, uma política de paridade e alternância para que as mulheres ocupem oposições de liderança e altos cargos na estrutura partidária.
Em 2020, as mulheres eleitas bateram recorde de representação na Bolívia. Elas são maioria no Senado, ocupando 20 das 36 cadeiras (56%), e detêm 62 das 130 vagas da Câmara (48%).
Elizabeth Paco pode estar sendo preparada para ser a primeira presidenta eleita na Bolívia, mas ainda não em 2025, o ano escolhido para marcar o retorno de Evo ao poder, depois do golpe de 2019.
Publicado originalmente em Blog do Moisés Mendes
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