O ponto alto da fala de Dilma

Atualizado em 27 de setembro de 2012 às 10:49
Dilma na Onu

Poucas coisas são mais maçantes que discursos de presidentes. Exclamação.

Mas a fala de Dilma na Onu merece uma reflexão por um ponto específico: a lucidez corajosa com que ela expôs a política externa brasileira. É um contraste formidável com o passado diplomático brasileiro, tão marcado no século 20 pela cabulosa e submissa lógica segundo a qual o que era bom para os Estados Unidos era bom para o Brasil.

Sublinho quatro pontos positivos:

1) A crítica à islamofobia que tomou de assalto os Estados Unidos e boa parte da Europa no rastro da assim chamada “Guerra ao Terror”. O infame filme “A Inocência dos Muçulmanos”, que provocou tantas mortes, é um símbolo da islamofobia.

2) O olhar agudo para a tragédia Síria. O regime corrupto de  Bashar Assad se engalfinha numa guerra civil na qual quem está pagando são os civis sírios. Tanto quanto as forças de Assad, os rebeldes, armados pelos Estados Unidos e aliados, cometem atrocidades. Dilma acertou em pregar um cessar fogo imediato.

3)  A defesa de um estado livre e soberano para os palestinos. Dilma está certa em afirmar que isso contribuirá para a paz na região.

4)  O fim do ignominioso embargo americano para Cuba. Já não foi suficiente, durante tanto tempo, os americanos terem tratado Cuba como um bordel? Não basta impor, há mais de 100 anos, uma base militar aos cubanos, a de Guantánamo, na qual se destaca, sinistra, a prisão homônina?