O general Otávio do Rêgo Barros, porta-voz do presidente da República, Jair Bolsonaro, que não se engane: não deve durar muito mais no cargo que ocupa no Palácio do Planalto. Assim se pode afirmar com base na observação de fatos recentes.
Ele é o alvo atual dos quase ilegíveis tuites do filho 02 do presidente, Carlos Bolsonaro. Os motivos que levam o vereador carioca a agir como age beiram o intangível, pelo menos para quem não tem formação na área psiquiátrica ou não compartilha da intimidade do presidente e sua família.
Uma coisa, porém, a experiência nesses sete meses de governo Bolsonaro até agora já deixou muito claro: quando o 02 mira suas postagens rudimentares a um membro do governo, dizendo que ele apoia a imprensa de esquerda (que é toda a imprensa menos o Terça Livre e o Renovamídia) e não o presidente, ele acaba caindo.
Foi assim com Gustavo Bebbiano, Secretário-geral da Presidência, já no segundo mês de governo. Carlos Bolsonaro chamou o senhor de mentiroso pra baixo. Nas partes escritas em língua portuguesa das postagens do vereador, lê-se também que Bebbiano teria uma relação com alguns veículos de comunicação próxima demais para o gosto do 02. Bebbiano caiu.
Foi assim com o ex-ministro da Secretaria de Governo da Presidência Carlos Alberto dos Santos Cruz. Em dado momento, Carlos passou a achar que o general estava atrapalhando a comunicação do governo, não estava se relacionando de maneira adequada com a imprensa e estava impedindo o crescimento da, digamos, institucionalização dos blogs de direita no governo.
Escreveu Carlos, sobre Cruz, assim do jeito que segue, com o jeitinho especial (errado) do vereador escrever: “Vejo uma comunicação falha há meses da equipe do Presidente. Tenho literalmente me matado para tentar melhorar, mas como muitos, sou apenas mais um e não pleiteio e nem quero máquina na mão. É notório que perdemos oportunidades impares de reagir e mostrar seu bom trabalho.” Santos Cruz caiu.
Agora, é a vez do porta-voz da Presidência. Os ataques do 02 ao general são quase tão frequentes quanto seus ataques ao idioma. Nesta segunda-feira (22), por exemplo, escreveu Carlos, referindo-se ao porta-voz presidencial:
“Não critico homens mas modus operandi, me colocando sempre em situações difíceis. Quando a militância espontânea cansar de defender o governo, que faz um bom trabalho, nada sobrará, pois sua comunicação é e pelo jeito continuará sendo ruim e então seremos massacrados pela mídia”.
Como se nota, o vereador mal sabe escrever, mas acha que entende de comunicação. O que importa, de qualquer maneira, para o futuro do general, é que o 02 pode até ser semi-analfabeto, mas é declaradamente o pitbull da família Bolsonaro. E a experiência prova: quando ele late sobre comunicação do governo, o seu pai morde.