O “projeto de poder” de Lula com a Odebrecht continuará rendendo bons negócios para seus inimigos em 2017. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 23 de dezembro de 2016 às 14:48
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Não surgiu ainda a delação do fim do mundo da Odebrecht, aquela que vai acabar com a vida e a carreira de Lula e metê-lo em cana para os resto de seus dias, mas o pessoal vai fazendo o possível enquanto isso.

Indícios viram matérias e desembocam em convicções, não provas. Tudo comporá um powerpoint bonito.

Foi assim na semana passada, quando uma reportagem da Folha dava conta de que Lula tinha à sua disposição um avião para viajar por Angola dando palestras.

Não é crime — ou, se há, não é esclarecido. A partir de determinado trecho, surgem extratos de um relatório do Itamaraty registrando, basicamente, que a coisa foi um sucesso.

Essa estratégia de criminalizar tudo relativo a Lula, e lá se vão mais de dois anos de manchetes e notas e jograis nesse sentido, produziu na sexta, dia 23, mais uma “bomba”.

Segundo a Folha, Marcelo Odebrecht relatou a procuradores da Lava Jato que Lula tinha “uma espécie de conta” em seu nome na empresa cujo objetivo era “manter o petista influente depois que saísse da Presidência da República”.

O nome era “amigo” por causa da relação com Emílio Odebrecht, não com Marcelo, que era amigo mesmo de tipos como Caco Alzugaray, dono da Editora Três.

Essa conta foi usada para financiar a compra de um terreno que viraria o Instituto Lula, de acordo com o jornal.

Aí começam os tiros. “A criação de um espaço para que o petista despachasse e que também servisse para divulgar seus oito anos na Presidência da República era avaliada como vital para a consolidação do projeto de poder, segundo relatos obtidos pela reportagem”, ficamos sabendo.

“Projeto de poder” de quem? Lula e Odebrecht iam dominar o continente, quiçá o mundo, com viadutos, por exemplo, em El Salvador. Hipótese: dali sairia um gasoduto com metano diretamente no closet de FHC.

E o mais interessante: escrevem os jornalistas que “um ponto a ser esclarecido nas apurações é o fato de a sede do instituto não ter sido instalada no terreno da rua Dr. Haberbeck Brandão, na zona sul, mas em um edifício no bairro do Ipiranga”.

O prédio no Ipiranga é o endereço político de sempre do Lula, onde funcionava o Instituto da Cidadania.

Se o empreendimento que a empreiteira propôs nunca existiu, como é que se faz daqui por diante? A notícia não é nem nova. Saiu em maio — e sempre que foi repetida rendeu bastante leitura.

De maio para cá, o ponto a ser esclarecido prossegue obscuro. De acordo com Merval Pereira, os “procuradores estão algumas curvas adiante”. Uma hora essas curvas precisam encontrar uma evidência.

A editoria Lula é um excelente negócio e continuará rendendo dividendos em 2017, especialmente se ele continuar no topo das pesquisas. Esse, sim, é um projeto de poder.