A guerra na Cracolândia e o apoio ao governo corrupto de Michel Temer revelam que o PSDB é um partido valente com os fracos e covarde com os poderosos.
O prefeito João Doria e o governador Geraldo Alckmin – este no triste papel de coadjuvante – deflagraram no dia mais frio do ano a segunda operação cujo único resultado prático é maltratar doentes.
Michel Temer não é, pessoalmente, poderoso, mas ele representa as forças conservadoras que de fato governam o Brasil e fizeram deste país um campeão da desigualdade social.
Já não é segredo para ninguém que o golpe de 2016 foi, em grande medida, financiado por grandes empresários.
Joesley Batista, dono da JBS, pagou o marqueteiro de Temer para fazer a guerrilha na internet.
Foi um movimento orquestrado que, de longe, Vladimir Putin, da Rússia, e Recep Erdogan, da Turquia, detectaram, certamente municiados por serviços de inteligência.
No ensaio que escreveu para a Revista Piauí, o ex-prefeito Fernando Haddad narra o episódio em que Putin e Erdogan telefonam ao ex-presidente Lula para alertá-lo de que a histeria pré-impeachment não era um movimento espontâneo.
Putin entende dos subterrâneos da internet e há indícios de que seus agentes desestabilizaram até uma eleição nos Estados Unidos.
Não é preciso ir longe para constatar que saiu da Fiesp o dinheiro que pagou e alimentou os brucutus que montaram acampamento na Avenida Paulista e agrediram até mulheres.
Onde eles estão agora?
Valente com quem foi colocado nas cordas, o PSDB pagou 45 mil reais para que uma professora na USP fizesse um parecer para justificar impeachment com pedaladas fiscais, as terríveis pedaladas fiscais.
No Senado, já com Dilma afastada e com a farsa do processo de cassação em curso, os líderes tucanos fingiram indignação com as pedaladas, enquanto o presidente do partido, Aécio Neves, comandava o saque ao Erário e o aparelhamento do Estado.
Não conseguiram tudo, mas conseguiram muito.
E o saque ainda não terminou.
Corre diante dos nossos olhos e com o silêncio cúmplice dos ex-batedores de panela.
A exemplo do partido que apoiam, o ex-batedores de panela são valentes com os mais fracos, como se vê agora no caso do adolescente torturado com a inscrição na testa “Eu sou ladrão e vacilão”.
Na pagina Afroguerrilha, que fez uma vaquinha virtual para ajudar na operação para remover a tatuagem, fãs da apresentadora Raquel Sherazade e do suposto humorista Danilo Gentili criticaram a iniciativa.
Um deles escreveu:
— Como pode o Brasil mudar se tem gente defendendo bandido? Queria poder construir um MURO nesse país pra dividir, porque conviver com gente que defende bandido é a maior das derrotas isso sim, tomem vergonha.
Outro disse que faria o mesmo. E anotou: “Que sofra muito”.
E por aí vai.
Agora se sabe que o adolescente vítima da tortura recebe tratamento psiquiátrico, por dependência química, e nem houve tentativa de roubo de bicicleta.
Foi crueldade apenas, um impulso de justiçamento por ouvir dizer que o adolescente roubava.
O Brasil tem jeito.
Mas é preciso levantar o véu da hipocrisia.
E apontar aqueles que se comportam como tigrões com os mais fracos e pombinhos com os tubarões.
Não é à toa que o prefeito João Doria é uma das vozes mais firmes em defesa de Michel Temer.