O PSDB já não vive mais da política, mas de uma sucessão desenfreada de golpes. Por Carlos Fernandes

Atualizado em 9 de novembro de 2017 às 19:28
Eles

Arruinado e desmoralizado pela liderança imoral, antiética e desastrosa do senador Aécio Neves, o PSDB vive hoje um emblemático caso onde os meios já ignoram os seus próprios fins.

Somado ao inconformismo de um playboy acostumado a sempre ter tudo o que quis, o desespero da principal sigla da direita brasileira ao ser preterida por quatro eleições presidenciais seguidas, pariu um monstro que já não sabe direito nem o que quer, muito menos como obtê-lo.

Completamente rachado entre a ganância daqueles que não resistem às benesses ministeriais de um governo afogado na corrupção e os que tentam se salvar da canoa em ruínas que resolveram embarcar, a política, mesmo a fisiológica a que sempre estiveram acostumados, já não dita os seus passos.

Atualmente incapazes de produzir uma mínima que seja agenda política, econômica e social para o país, a única prática que lhes restaram parece ser a da inominável traição a tudo que possa parecer minimamente legal, justo e democrático.

Se após os primeiros minutos depois de abertas as urnas em outubro de 2014 a palavra de ordem do partido era implementar um golpe de Estado no país para ascender novamente ao poder, hoje sequer seus próprios pares estão a salvo do vício que cultivaram.

Ao destituir o senador Tasso Jereissati (CE) da presidência interina do partido e indicar o ex-governador de São Paulo, Alberto Goldman, para o lugar, Aécio demonstra, mais uma vez, não só o seu despreparo, mas principalmente, a sua repulsa pela pluralidade no debate político.

Não que Jereissati, um velho político acostumado às velhas práticas coronelistas do Nordeste, seja qualquer exemplo de moralidade pública a ser tomado, mas não deixa de ser irônico que logo ele, uma raposa que esteve presente nos meandros que levaram ao golpe que destituiu Dilma Rousseff da presidência, seja agora destituído pela mesma sanha que ajudou a alimentar.

É curioso como, de uma forma ou de outra, somos vítimas do mal que tanto nos empenhamos a cometer contra os outros.

Aforismos à parte, Aécio Neves, e todo o seu PSDB, de tanto investirem contra essa nação, já não representam mais qualquer significado de importância para a reconstrução de uma democracia que foi destroçada pelas suas próprias incapacidades de entender e respeitar as regras do jogo democrático.

Diminuídos a um papel de insignificância até pela escumalha que hoje manda e desmanda no Brasil, o que sobrou do antigo entojo que sempre foi característico da elite que comandou historicamente o partido, hoje revela-se tão somente como a grande fraude que sempre tentaram esconder ser.

Como não possuem a grandeza de reconhecerem seus erros e passar a contribuir para a retomada da normalidade democrática no país, o que lhes restou foi isso, sobreviverem de uma enojante sucessão desenfreada de golpes.

Contra eles próprios e contra o Brasil.