Publicado no Brasil de Fato
Um dos objetivos da terceira edição da Feira Nacional da Reforma Agrária é abrir o diálogo com a sociedade e derrubar mitos. Um deles é que a produção orgânica e agroecológica é cara. A reportagem do Brasil de Fato caminhou pelo evento com um objetivo: comprar produtos diversos, de todas as regiões do país, e gastar no máximo R$ 50,00.
Por esse valor, nossa cesta ficou assim: um pão caseiro, 250g de café, 500g de arroz vermelho orgânico, duas unidades de milho, três bananas-da-terra, uma caixinha de paçoca de carne, um pacotinho de manjericão, pimenta do reino, uma goiaba, duas mangas, um cacho de uva verde, um pacote de cacau em pó, um abacaxi, um melão, meia melancia.
Base da cesta básica, o primeiro produto que compramos foi um pacote de meio quilo de arroz integral orgânico vermelho por R$ 4,00. O arroz é produzido no assentamento Filhos de Sepé, em Viamão (RS), na região Metropolitana de Porto Alegre — onde o MST produz mais de 100 mil sacas por ano.
Na beira da rodovia MS-162, o acampamento Sebastião Guilherme resiste há cinco anos com produção agroecológica. E são de lá as goiabas que encontramos a R$ 1,00 cada uma. Levamos também duas unidades de milho e folhas de manjericão, totalizando R$ 5,00 em compras na barraca do Mato Grosso do Sul.
Na tenda de Rondônia, o destaque é o cacau — o fruto foi levado da Bahia ao estado pelo fluxo de migração do ciclo da borracha, no final do século 19. Levamos a versão em pó do fruto (R$ 2,00) e um pacote de pimenta-do-reino (R$ 3,00).
Valdir Diniz lembra que muitas pessoas apreciam o chocolate, mas não o fruto. Por isso eles trouxeram até mesmo a semente do cacau. “Eles pensam que é uma coisa muito distante, mas sempre está na nossa mesa. A gente quer partilhar isso e transmitir esse conhecimento aqui para o pessoal dessa grande capital”.
Ele pontua a importância do fruto para a geração de renda do local. “Nós temos muita variedade de produtos, o que está agradando muito aqui na feira. Desde o doce de gergelim, o doce com açúcar mascavo… Ele é muito importante para nossa economia do campo”.
A diversidade de subprodutos da palmeira babaçu surpreende e o nosso escolhido foi o azeite de babaçu, cuja garrafinha sai por R$ 10,00 na mão dos produtores maranhenses.
Do Espírito Santo, levamos por R$ 6,00 o café orgânico da marca Terra de Sabores, em uma embalagem à vácuo de 250g.
Dos produtores do município de Sucupira (TO), compramos pão caseiro (R$ 4,00) e a paçoca de carne-seca (R$ 3,00), cuja base é feita de farinha d’água. Os tocantinenses costumam comer a mistura pura ou com banana.
Por isso, ao lado, na barraca do Mato Grosso, levamos banana-da-terra por R$ 3,00. Junto, uma unidade do abacaxi saiu por R$ 2,00.
E, como toda boa feira, a dica também é pechinchar. Na conversa direta com os produtores, é possível conseguir descontos. O pernambucano Adailton Cardoso fechou com facilidade a proposta de fazer por R$ 6,00 duas unidades de mangas, uma caixinha de uva e um melão.
O produtor é de Santa Maria da Boa Vista (PE). No final da conversa, ele ainda ofereceu uma “provinha” da melancia: mas, no final, acabou dando metade da banda para toda a equipe do jornal experimentar a doçura da fruta, de graça.
Para totalizar o orçamento, levamos na última parada uma abóbora de Tocantins por R$ 2,00.
Ainda dá tempo de você também montar a sua cesta de produtos saudáveis e baratos: o evento organizado pelo MST ocorre até o próximo do domingo (6), no Parque da Água Branca em São Paulo. A programação da feira vai de 8h até às 20h.