O que deu certo e o que deu errado na Olimpíada do Rio

Atualizado em 22 de agosto de 2016 às 10:21

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Publicado na DW.

A cerimônia de encerramento realizada no Maracanã, marca o fim dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro. Veja o que deu certo e o que deu errado na Rio 2016 – além de algumas polêmicas.

O que deu certo? 

A abertura

Em meio a tantos problemas econômicos e preocupações com os preparativos, a abertura da Olimpíada surpreendeu positivamente e foi um grande alívio. A imprensa internacional elogiou o espetáculo e a empolgação do público. Grandes nomes da música brasileira, como Paulinho da Viola, Jorge Ben, Caetano Veloso e Gilberto Gil, além do belo desfile da modelo Gisele Bündchen, cativaram a audiência. Nas redes sociais, muitos brasileiros comemoraram, orgulhosos.

“Energia positiva”

O mundo conheceu um pouco mais da já famosa receptividade brasileira. Segundo pesquisa do Ministério do Turismo, realizada durante os Jogos, 98,6% dos estrangeiros aprovaram a hospitalidade do carioca.

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Além disso, muitos turistas elogiaram o trabalho dos voluntários, que, em vários momentos, compensaram a falta de organização com simpatia. Em uma volta pelo Parque Olímpico, a DW Brasil presenciou voluntários improvisando nos alto-falantes, cantando músicas e pedindo animação. “Aqui só entra energia positiva”, dizia um deles. Já a torcida brasileira suscitou opiniões controversas. O excesso de barulho e as vaias foram criticadas por parte da imprensa estrangeira e atletas – outros elogiaram a atmosfera e clima dos torcedores.

Boulevard Olímpico

O Boulevard Olímpico, área revitalizada do centro do Rio para os Jogos, foi um sucesso entre cariocas e turistas, ultrapassando as expectativas de público. Cerca de um milhão de pessoas visitaram o local nos primeiros dez dias dos Jogos, segundo a prefeitura do Rio. Além da escultura da pira olímpica, instalada na frente da igreja da Candelária, o mural Etnias, maior grafite do mundo, do artista Eduardo Kobra, foram grandes atrações do Boulevard. A área tinha telões para acompanhar os jogos, cerca de cinquenta foodtrucks, três palcos com até cinco shows diários e apresentações de blocos carnaval e baterias de escola de samba. O Boulevard Olímpico foi tão procurado que cariocas começaram a reclamar de superlotação e da falta de banheiros.

O que deu errado?

A piscina verde 

Um dos maiores constrangimentos dos Jogos do rio foi a mudança de coloração das piscinas do Centro Aquático Maria Lenk, no Parque Olímpico. Uma delas, utilizada nos saltos ornamentais, ficou com um tom verde escuro. A outra, usada para o nado sincronizado teve que ser esvaziada, após diversas tentativas de corrigir o problema. As duas piscinas voltaram à cor azul na metade das competições.

O Comitê afirmou que o problema foi causado pelo uso inadequado de um produto químico e pelo defeito em um detector eletrônico. O diretor de comunicação da Rio 2016, Mario Andrada, chegou a dizer que “química não é uma ciência exata”. Segundo o Comitê, a água não oferecia risco para a saúde dos atletas – entretanto, alguns deles reclamaram de ardência nos olhos.

Filas quilométricas

No primeiro dia de competição, filas enormes se formaram na entrada do Parque Olímpico, do complexo de Deodoro e da Arena do Vôlei de Praia, em Copacabana. De acordo com os organizadores, a longa espera foi causada por falhas no funcionamento de aparelhos de raio-X. Pelo menos 40 mil pessoas entraram em contato com o Comitê Olímpico para reclamar dos transtornos. Ao longo dos Jogos, o problema foi resolvido, e a situação, normalizada. Em algumas ocasiões, entretanto, as filas voltaram a atrapalhar os torcedores, como na terça-feira (16/08), antes de jogos no Maracanã e no Maracanãzinho.

Também houve casos de filas nos transportes para os locais de competição, principalmente no BRT (corredores de ônibus) para a Barra e em trens para Deodoro. Apesar disso, a locomoção dos torcedores, em geral, foi eficiente. De acordo com pesquisa do do Ministério do Turismo, 86,6% dos visitantes estrangeiros aprovaram o transporte público durante as Olimpíadas.

Sem sombra, nem água fresca

O inverno carioca, que teve vários dias com temperaturas acima dos 30ºC, castigou os torcedores presentes no Parque Olímpico. Ali, abrigo do sol só dentro das arenas esportivas. Nas áreas coletivas e no caminho entre uma prova e outra, os espectadores disputavam até sombra de poste. Além disso, nos primeiros dias, foi difícil até comprar uma água. Havia filas enormes e, em vários momentos, faltou comida no parque. O problema da alimentação foi resolvido em poucos dias – já a falta de sombra continuou até o fim dos Jogos.

Polêmicas

Zika e outras doenças

Cerca de quatro meses antes da Olimpíada, os brasileiros estavam assustados com os surtos simultâneos de dengue, zika, chikungunya e até H1N1. O sistema de saúde ficou sobrecarregado, e a população iniciou uma busca desenfreada por vacinas, remédios e repelentes em farmácias. Na época, especialistas já alertavam que a transmissão das doenças provavelmente diminuiria até os Jogos. Mesmo assim, o medo do vírus zika desanimou turistas estrangeiros e até alguns atletas, que desistiram de competir nas Olimpíadas. Durante os Jogos, entretanto, a preocupação com a doença se dissipou.

Segurança

Apesar da Olimpíada não ter sofrido ataques terroristas – o que preocupava turistas e autoridades meses antes dos Jogos – uma série de incidentes colocou em xeque a segurança da Rio 2016. Logo no primeiro dia, houve duas mortes relacionadas a assaltos em áreas estratégicas: uma durante a cerimônia de abertura, próximo ao Maracanã, e outra na região portuária, perto do Boulevard Olímpico.

O Centro Olímpico de Hipismo, em Deodoro, foi duas vezes atingido por balas perdidas, sem deixar feridos. O ministro da Educação de Portugal foi assaltado em Ipanema, e um ônibus oficial da Rio 2016 com jornalistas foi alvejado por pedras, segundo a perícia. A versão é contestada por alguns repórteres que estavam no veículo – para eles, o ônibus foi atingido por tiros.

Em outro episódio, três policiais da Força Nacional foram atacados por traficantes, ao entrarem por engano em uma favela. Um deles, o soldado Helio Vieira, da polícia militar de Roraima, foi atingido na cabeça e morreu.

O assalto inventado

Por fim, o nadador norte-americano Ryan Lochte afirmou ter sido vítima de um assalto a mão armada na saída de uma festa na zona sul da cidade, junto com outros atletas. Após investigar o caso, a Polícia Civil concluiu que o nadador mentiu. O comitê olímpico dos EUA e Lochte acabaram pedindo desculpas ao Brasil.

Antes do incidente ter sido esclarecido, o governo brasileiro afirmou que o esquema de segurança, que contou com mais de 88 mil agentes, foi eficiente. De acordo com pesquisa do Ministério do Turismo, realizada durante os Jogos, 88,4% dos visitantes internacionais avaliaram positivamente a segurança na cidade.