Aliados próximos ao governo Lula (PT) sugerem que as recentes críticas do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), dirigidas ao ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, têm origem na competição pela sucessão na Casa Legislativa.
Esta análise surge após a manutenção da prisão de Chiquinho Brazão durante votação plenária, o que impactou a posição de Elmar Nascimento (BA) na corrida pela liderança.
Segundo fontes alinhadas a Lira, a reação do presidente da Câmara reflete a percepção de interferência de Padilha em questões internas do Legislativo, rompendo, assim, com a tradicional independência entre os Poderes. O Estadão diz que o telefonema do ministro aos parlamentares, instando-os a votar pela manutenção da prisão de Brazão, foi interpretado como uma tentativa de influência direta no processo legislativo.
Durante uma coletiva de imprensa em Londrina (PR), Lira não poupou críticas a Padilha, rotulando-o como “incompetente” e “desafeto pessoal”, e acusando-o de vazar informações à mídia sobre uma suposta fraqueza política do próprio Lira em relação à decisão da prisão de Brazão.
A votação apertada, com 277 votos a favor e 129 contra, foi vista como um reflexo da insatisfação da Câmara dos Deputados com o Supremo Tribunal Federal (STF).
Aliados de Lira destacam que, até o início da votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, o Palácio do Planalto havia se mantido distante do assunto. No entanto, a intervenção de Padilha durante a votação teria mudado o cenário, gerando desconforto entre os deputados. A reação rápida de Lira, segundo eles, visava preservar a imagem da Casa perante possíveis conflitos.
A divisão na votação, inclusive entre os membros do Partido Progressista (PP), é destacada como uma estratégia deliberada de Lira para garantir que cada parlamentar expressasse sua própria opinião, rejeitando a ideia de que ele tenha saído enfraquecido do episódio. Sua atuação, afirmam, não foi direcionada a favor ou contra um resultado específico, mas sim em defesa da autonomia parlamentar.