? Depois do presidente Jair Bolsonaro, foi a vez do ministro da Economia, Paulo Guedes, desrespeitar a primeira-dama francesa, Brigitte Macron. Durante seminário nesta quinta (5), em Fortaleza (CE), Guedes disse que a mulher do presidente Emmanuel Macron "é feia mesmo". pic.twitter.com/wKOVn4o7F2
— UOL (@UOL) September 5, 2019
A discussão sobre a aparência de Brigitte Macron continua sendo assunto nos bastidores – e também nos holofotes – do governo Bolsonaro.
Não contente com o infeliz comentário de seu chefe, Paulo Guedes também decidiu dar sua opinião sobre Brigitte: “feia mesmo”, disse, sem cerimônias, em um evento público em Fortaleza.
A primeira grande pergunta que me ocorre é: por quê homens de aparência medonha, como é o caso, sentem-se confortáveis para enquadrarem qualquer mulher que seja como “feia”?
A resposta é tão simples quanto toda esta celeuma fútil: homens que acreditam que as mulheres são objetos decorativos agem naturalmente como se eles tivessem o direito de serem feios, e nós a obrigação de sermos bonitas. É esse, afinal, o nosso papel: enfeitar a feiura deles.
Senta lá, Cláudia.
Fora o mais óbvio, que talvez seja também o mais grave: ofender opositores chamando suas mulheres de feias não é exatamente o que se espera de homens que se propõem a governarem um país. De um desequilibrado como o Bolsonaro a gente até espera, mas logo o Posto Ipiranga?
Até tu, Brutus?
Em nota, Guedes pediu desculpas pela ofensa – coisa que Bolsonaro não teve a decência de fazer, muito pelo contrário – e justificou-a da maneira mais pífia possível:
“O Ministro Paulo Guedes pede desculpas pela brincadeira feita hoje em evento público em Fortaleza (CE), quando mencionou a primeira-dama francesa Brigitte Macron. A intenção do ministro foi ilustrar que questões relevantes e urgentes para país não têm o espaço que deveriam no debate público. Não houve qualquer intenção de proferir ofensas pessoais”.
Sim, claro, ilustrar questões relevantes e urgentes para o país. Criticar a aparência de mulheres é notadamente a maneira mais assertiva de ilustrar questões relevantes e urgentes para um país, e é impossível fazer isso sem ofendê-la.
Nem mesmo o bolsominion mais estúpido seria capaz de acreditar nessa justificativa.
E nem mesmo ele seria capaz de encarar Paulo Guedes por mais de cinco segundos e não reconhecer que, com aquela cara castigada de quem comeu e não gostou, ele não tem o direito de chamar ninguém de feia.
O que falta a homens como Paulo Guedes é algum bom-senso e uma boa reparada no espelho.