Luiza Trajano foi sabonete no Roda Viva quando perguntada se é a favor da taxação das grandes fortunas, um tema candente num mundo cada vez mais desigual.
Ela se declarou favorável, desde que com uma condição: que haja transparência e objetividade no destino e aplicação desses impostos.
Sugeriu que os próprios bilionários administrassem e decidissem o destino desses impostos.
“Se tem que ter distribuição de renda? Tem. Mas é preciso saber o jeito que foi feito, a gente tem que ter controle”, falou.
Ora, eu e você também queremos “controlar” a mordida do Leão.
É uma conversa mole para que ela não tenha que falar a verdade: é contra algo estabelecido nos EUA, Europa, Japão — enfim, o mundo civilizado.
Luiza citou os Estados Unidos como exemplo de “cultura de doação”.
Pois lá vive uma mulher que merecia a atenção de Luiza: Abigail Disney, herdeira do império de entretenimento fundado por seu avô Walt.
Abigail acredita que a desigualdade torna o “sonho americano” impossível.
“Nós estamos criando uma ‘superclasse’ que está muito distante da maioria das pessoas”, disse à CNN. Os dois grupos já não “compartilham o mesmo planeta”.
Assinou uma carta com outras pessoas estupidamente ricas, entre elas George Soros, pedindo para pagar mais impostos.
Isso num país cujo presidente, Trump, é sonegador contumaz.
“Escolhi ser uma traidora da minha classe”, disse Abigail, cuja fortuna é calculada em US$ 120 milhões.
Ela resolveu se mexer após Bob Iger, CEO da Disney, embolsar perto R$ 260 milhões por seu trabalho em 2018.
Funcionários da Disneyland na Califórnia se queixaram a ela de que o salário de US$ 15 não era suficiente para que pagassem as próprias contas.
“As pessoas com quem falei disseram-me: ‘Não sei como posso sustentar essa cara de alegria quando tenho que ir para casa e procurar comida no lixo de outras pessoas'”, disse.
Luiza tem muito a aprender com Abigail, e não é sobre o castelo da Cinderela.