A nova pesquisa Ipec, que será divulgada na noite desta segunda-feira (19), pode trazer sinais sobre a possibilidade de a eleição presidencial ser encerrada já no primeiro turno, segundo o Estadão.
Cientistas políticos consultados pelo jornal disseram que com duas semanas para o pleito, a expectativa é que as próximas sondagens revelem se a campanha pelo “voto útil” tem algum efeito sobre os eleitores, e de que forma isso afetaria as candidaturas de fora da polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL).
O professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Marco Antônio Carvalho Teixeira, afirma que existe uma forte tendência de estabilidade do cenário eleitoral na reta final das campanhas, com espaço para o crescimento “tímido” de Lula, dentro da margem de erro, e estagnação, ou até um possível declínio, para Bolsonaro.
“Ao que tudo indica, a cartola de mágicas da campanha de Bolsonaro se esgotou. Para medidas como auxílio emergencial e redução de preço dos combustíveis, a fatura já passou. (…) A tendência é ver Lula continuando muito próximo de um número que possa decidir no primeiro turno ou garantindo uma boa margem para o segundo turno. E Bolsonaro batendo no teto de 32%, 34%, 35%”, diz.
De acordo com Teixeira, o eleitor deve ficar atento a diminuição de Ciro Gomes (PDT) ou a um indicativo de que o ex-governador tenha atingido o teto de seu desempenho. “Parece que ele não avança mais do que esses 8% ou 9% que os institutos têm detectado”, afirma. Ele observa ainda uma perda rápida de Simone Tebet (MDB), que, segundo ele, tem estacionado nos 5% ou 6%.
Os números nas pesquisas dos candidatos do PDT e do MDB estão diretamente relacionados ao apelo do “voto útil”, feito principalmente pela campanha de Lula. Os eleitores que votariam nesses presidenciáveis enfrentam pressão para desistir de sua primeira opção de voto e ajudar a eleger em primeiro turno o candidato do PT. “A duas semanas das eleições, é esperado que esse discurso do voto útil comece a revelar qual é o seu potencial a partir de hoje”, diz o especialista.
A cientista política Carolina Botelho, do Laboratório de Estudos Eleitorais, de Comunicação Política e Opinião Pública da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), afirma que a tendência é que o levantamento de hoje mantenha os resultados das últimas pesquisas Ipec e Datafolha. Ela projeta a possibilidade de declínio de Ciro e Simone Tebet.
“Talvez o 7 de setembro tenha isolado mais os apoiadores do presidente do resto do eleitorado, e quem ainda estava indeciso, ou querendo escolher Tebet e Ciro, esteja optando por liquidar a fatura no dia 2 de outubro”, afirma.