O depoimento inspirador de Jennie Runk.
A rede multinacional de lojas de roupa HM conseguiu gerar grande exposição em vários países após usar uma modelo “plus-size” para divulgar sua nova linha de roupas de banho.
Neste depoimento abaixo, publicado pela BBC, a modelo americana Jennie Runk, estrela da campanha, conta de sua surpresa sobre a repercussão das fotos e diz que está na hora de deixarmos de lado a obsessão com o peso:
“Eu não tinha ideia de que a campanha receberia tanta atenção. Eu sou do tipo quieto, que gosta de ler livros, jogar videogames e ficar com meu gato.
Então, ser o centro das atenções assim de repente foi uma surpresa estranha no início. Eu achei estranho que as pessoas fizessem tanto barulho sobre como meu corpo fica em um biquíni, já que eu normalmente não penso muito nisso.
Quando minha página no Facebook recebeu 2.000 novas curtidas em 24 horas, eu decidi usar a atenção como uma oportunidade para tornar o mundo um pouco mais agradável ao promover a autoconfiança. Desde então já recebi inúmeras mensagens de fãs, expressando gratidão.
Algumas delas até me disseram que minha confiança as havia inspirado a vestir um biquíni pela primeira vez em vários anos. Este é exatamente o tipo de coisa que eu sempre quis conseguir, de mostrar para as mulheres que dá para ser autoconfiante mesmo se você não se encaixa na noção popular de ‘perfeita’.
Essa mensagem é especialmente importante para as meninas adolescentes. Ser uma adolescente é incrivelmente difícil. Elas precisam de toda a ajuda e do apoio que possam ter.
Quando nossos corpos mudam e todos nós começamos a parecer totalmente diferentes, nós simultaneamente começamos a sentir a pressão para parecermos exatamente iguais. Este é um objetivo impossível de alcançar, e eu gostaria de ter sabido disso quando eu tinha 13 anos.
Com 1,75 metro e manequim 8 nos Estados Unidos (equivalente a tamanho 36 para calças e 40 para blusas no Brasil), eu invejava as garotas cujos namorados conseguiam levantá-las e carregá-las nos ombros.
As aulas de ginástica eram um pesadelo. Enquanto as meninas magras usavam shorts, eu usava calças de moletom porque minhas coxas eram do tamanho das cinturas delas. E aquelas calças eram embaraçosamente curtas, porque eu era mais alta do que a média da mulher adulta, mas ainda comprava roupas em uma loja para pré-adolescentes.
Eu também tinha cabelos grossos e crespos que apenas chamavam mais atenção para mim, que se escondia atrás dos meus aparelhos para os dentes e meus óculos de armação bege. Para completar isso tudo, eu sempre fui desajeitada, então dizer que minha adolescência foi estranha é pouco.
Mas tendo sobrevivido a isso, eu me sinto forçada a mostrar às garotas que estão passando pelas mesmas coisas que é aceitável ser diferente. Você pode deixar essa estranheza para trás de forma fabulosa.
Apenas se concentre em ser a melhor versão possível de si mesma e deixe de se preocupar com o tamanho de suas coxas, porque não há nada de errado com elas.
Afinal, eu nunca pensei em mim mesma como possível modelo, mas aí fui descoberta trabalhando numa pet shop, mesmo usando meus moletons curtos demais.
Eles me deram a opção de perder peso e tentar me manter com manequim 4 (blusas tamanho 36 no Brasil) ou ganhar um pouco, para ficar com manequim dez (blusa 44 no Brasil) e começar uma carreira como modelo plus-size. Eu sabia que meu corpo não tinha sido feito para ser tamanho quatro, então escolhi a segunda opção.
As pessoas assumem que o ‘plus’ significa gordura, e que isso por sua vez é igual a feiura. Isso é completamente absurdo, porque muitas mulheres que são consideradas plus-size estão na verdade na média da mulher americana.
Eu não posso argumentar que alguns estilos caem melhor em um tamanho que em outro.
Apesar de a ideia de separar mulheres em categorias de tamanho parecer criar um estigma, as fabricantes de roupas fazem isso para oferecer aos seus consumidores exatamente o que eles estão procurando, tornando mais fácil para as pessoas de todos os tamanhos encontrar roupas que sirvam bem tanto em seus corpos quanto para seu estilo único de expressão estilística.
O único problema são as conotações negativas que permanecem teimosamente ligadas ao termo plus-size. Não deveria haver nada negativo sobre ter o mesmo tamanho que a mulher americana média, ou mesmo ser um pouco maior.
Também há conotações negativas associadas com a magreza. Assim como as mulheres mais cheinhas são chamadas de gordas ou fofinhas, as magras são chamadas de esqueletos ou palitos.
Não há necessidade de idealizar um tipo de corpo e criticar outro. Precisamos parar com esse ódio absurdo em relação a corpos de tamanhos diferentes. Isso não ajuda ninguém e está ficando ultrapassado.”