Os fãs americanos só o perdoarão se seu próximo trabalho for comparável a Gangnam Style
Eis que se descobriu que o astro do momento, o sul-coreano Psy, autor da simpática Gangnam Style, participou de manifestações antiamericanas. Foram duas, em 2002 e 2004. Um grande alvoroço em torno do assunto rapidamente tomou a mídia americana e, posteriormente, mundial.
A descoberta causou espanto dos fãs americanos. Obviamente, quem vive fora dos EUA e vê com certa distância as relações americanas com o resto do mundo não se espanta tanto assim. É um pais controverso e louco para participar de uma confusão.
Ainda assim, a letra é bem pesada.
“Mate esses malditos ianques que têm torturado prisioneiros iraquianos/Mate esses malditos ianques que ordenaram a tortura/Mate suas filhas, mães, enteadas e pais/Mate-os lenta e dolorosamente”.
Mas qual será o impacto disto em sua carreira?
Haverá um impacto negativo, e isso é inegável, é óbvio ululante. Até porque seu maior mercado está nos EUA. Mas é preciso analisar a psicologia da idolatria.
O fã é conquistado como um amante. O artista tem que mostrar por que merece seu carinho. Ele precisa, portanto, se apresentar muito bem. Depois disso, o fã se torna benevolente. A segunda música não precisa ser tão boa quanto a primeira, porque o fã nutre uma relação fantasiosa de amizade com seu ídolo. Mas se este deixar de ser “amigo” não tem mais motivo para ser generoso.
Se pensássemos apenas nisto, diríamos que Psy se estrepou. Mas, observando um caso histórico, em que John Lennon disse que os Beatles eram mais populares que Jesus Cristo, podemos questionar isto.
A afirmação gerou um fuzuê. Chegou a haver campanhas para queimar discos dos Beatles. É claro que nem todo mundo se ofendeu com isso, mas tivessem os Beatles trazido um trabalho aquém aos anteriores, talvez os “amigos” perdidos de John destruíssem sua carreira.
O que aconteceu naquele momento é que eles lançaram Revolver, um álbum melhor que qualquer outro que tivessem lançado. Novos fãs, pedidos de desculpas, e o disco foi número 1 no Reino Unido e nos EUA.
Embora a afirmação de Psy em um cenário político delicado possa soar mais pesada que a de John, se ele trouxer uma nova música brilhante, com vídeo magnífico e uma dança superdivertida, esta crise não passará de uma marola.
Mas se Psy precisar de seus “amigos”, já não se sabe exatamente o que pode acontecer. João Robero, que foi empresário de vários artistas de fama nacional, certa vez me contou que a carreira da banda LS Jack acabou quando eles se envolveram numa briga com os pagodeiros do Art Popular. Foi uma briga aparentemente covarde. O público não gostou – e a banda não convenceu muita gente de que merecia uma nova chance.
A gestão de crise, expressão usada nesse tipo de situação, não deve deixar de ser feita. Ele já se desculpou. Mas o que vai ser determinante para o futuro de Psy é a qualidade do seu próximo trabalho. Só depende dele.