O real milagre de Steve Jobs

Atualizado em 26 de maio de 2013 às 16:23
Sobrevivente

“Sempre disse que quando já não pudesse cumprir meus deveres como presidente-executivo da Apple, eu seria o primeiro a informá-los. Infelizmente, esse dia chegou. Renuncio aqui ao cargo de executivo-chefe da Apple.”

Assim começa a carta com a qual Steve Jobs, aos 56 anos, se despede hoje de suas funções executivas na Apple. Sobre sua extraordinária trajetória na empresa, não há o que dizer. Jobs fundou a Apple ainda garoto, depois foi chutado da empresa por acionistas que tinham colocado dinheiro nela e voltou, já maduro, para ressuscitar um negócio que parecia morto e transformá-lo na maior, mais inventiva e mais bem-sucedida companhia da tecnologia. Produtos como iPod, iPhone e iPad são venerados por consumidores em escala global.

Mas o que mais me chama a atenção em Jobs está ligado não à tecnologia, mas à saúde.

O verdadeiro milagre que ele operou não foi na Apple. Foi, sim, na sobrevivência a um tipo de câncer que devasta e mata rapidamente: no pâncreas. Meu pai morreu disso. Não há câncer mais cruel e mais letal. Ele tem a selvageria, a implacabilidade e a rapidez de Mike Tyson na primeira fase.

Todas as estatísticas sobre o câncer no pâncreas colocariam já faz tempo Jobs no cemitério. Mas ele resiste – ainda que combalido. Teve energia mental para se submeter a um transplante de fígado em decorrência da doença.

E está vivo, recolhendo as merecidas homenagens ao se afastar do comando de uma empresa que não é apenas admirada, mas amada — um símbolo da inovação, da honestidade e do sucesso.