O senador Mário Couto, “amigo próximo” de Aécio, é muso inspirador do impeachment

Atualizado em 3 de novembro de 2014 às 15:47
aecio mario couto
Eles

 

Antes mesmo daquele velho cantor barbudo e verborrágico, as hordas que pedem o impeachment já tinham um modelo, um homem que fez o que se espera de gente honrada: Mário Couto.

Em abril, o senador pelo PSDB do Pará protocolou um pedido de abertura de processo de impedimento de Dilma Rousseff em razão dos “prejuízos” causados pela compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras.

Afirmava que a presidente cometeu crime de responsabilidade ao autorizar a operação em 2006, quando era presidente do conselho de administração.

É uma figura folclórica. A campanha deste ano teve uma mãozinha de Aécio Neves, que declarou num vídeo que se tratava “dos amigos mais próximos que fiz na política. A sua coragem, ao lado do seu amor ao Pará e a sua gente, serão decisivos para que nós possamos iniciar, no Brasil, rapidamente, um novo ciclo, onde a decência e a eficiência possam caminhar juntas. Eleger Mário Couto é eleger o lado bom da política brasileira.”

O protomuso do impeachment — que chamou, certa vez, os colegas de “ladrões” — tem uma carreira, para usar um eufemismo, controvertida. Apesar de Aécio usar o termo “decência” para se referir ao chegança, Couto está envolvido em diversos escândalos.

O mais recente se refere a doações de assessores parlamentares para senadores. Pelo menos 56 funcionários deram aproximadamente 230 mil reais para seus chefes.

O principal beneficiário foi Mário Couto, que levou 71 mil reais de nove estafetas. Uma assessora garantiu ao Congresso em Foco que estava orgulhosa de doar mais do que o valor de seu salário. “Tenho umas economias”, falou.

Em novembro de 2012, ele teve os bens bloqueados pela Justiça do Pará,  acusado de improbidade administrativa. Segundo o Ministério Público, houve contratações suspeitas em sua gestão na Assembleia Legislativa, entre 2003 e 2007. Uma empresa de tapioca foi acionada para prestar serviços de engenharia. Os desvios somavam 13 milhões reais. A história recebeu o sugestivo apelido de “tapiocouto”.

Edisane Gonçalves, que trabalhou como sua assistente-administrativa, também o denunciou por abuso de autoridade. Couto a teria chamado de “preta”, “safada”, “macaca” e “vagabunda”. De acordo com o Diário do Pará, Edisane fora agredida porque se recusou a fazer propaganda política. Vingativo, Couto teria perseguido o companheiro de Edisane, acusando-o de manter carne imprópria para consumo em seu açougue.

Com o impeachment na moda, o nome de Mário Couto foi relembrado. Aos fãs, ele deixou uma mensagem no Facebook: “Meu pedido foi apresentado à Câmara dos Deputados, mas não foi acolhido. Portanto, foi engavetado. Mas diante das muitas perguntas aqui, indico essa página para vocês começarem a mobilizar todas as pessoas insatisfeitas com o atual governo. Não vamos nos dispersar.”

Mesmo com a força de Aécio e a vaquinha dos funcionários, Mário Couto não se reelegeu. Mas a sua luta continua.