Por Edward Magro
“O senhor é um criminoso contumaz”.
A reação esperada de uma pessoa digna seria se levantar, dirigir-se à mesa condutora da CPI e pedir a prisão em flagrante do depoente.
Sergio Moro fez isso? Não.
Preferiu sacar do bolso o meme “E o lula hein?”
Pode ser apenas um ato falho, mas vai além.
Por que o enxadrista da Vera Magalhães (risos), ao invés de cruzar o tabuleiro com a rainha, preferiu apenas recuar um peão no tabuleiro?
A resposta mais provável está no início da fala do hacker: “Ressaltando que eu li as conversas de vossa excelência, e li a parte privada, posso dizer que o senhor é um criminoso contumaz”.
Moro sabe o que conversou, com quem conversou e como conversou; mesmo que seja incapaz de lembrar o nome da última biografia que leu, ele lembra muito bem o que fez com a sua toga.
Se tivesse pautado sua vida por condutas corretas, teria, como enxadrista da Vera Magalhães, movimentado a peça certa e teria dado um xeque-mate no hacker. Conhecedor do seu passado, fez o que todo enxadrista acuado faz: recua.
Provavelmente o hacker sequer tenha tido acesso às conversas privadas do Moro; ao que se sabe, ele invadira o celular de Deltan Dallagnol, sócio de Moro na quadrilha da Lava Jato, mas não o celular do capo.
No entanto, mesmo que não tenha acessado o celular de Moro, o que Delgatti leu no celular de Deltan foi suficiente pra saber que Moro tinha o que esconder e, como jogador de truco, Delgatti blefou e trucou; Moro, com medo, jogou as cartas na mesa e fugiu.
Moro enxadrista é o mesmo Moro leitor de biografias. Já Delgatti joga truco como poucos.