“Se você não incomoda ninguém, não há sentido em escrever.”
Não poderia ser mais verdadeira esta frase do romancista inglês Kingsley Amis, um dos intelectuais de destaque da cena literária inglesa de meados do século 20. (Seu filho Martin seguiria seus passos com sucesso.)
Escrever é provocar. Escrever é incomodar. Ou não é nada. Porque é provocando e incomodando que as coisas andam.
Nas redações pelas quais passei, notei em muitos jornalistas o medo de incomodar. Como se fosse possível fazer jornalismo dando tapinhas nas costas.
Ih, que será que ele vai achar disso?
De um modo geral, o jornalismo brasileiro sofre do medo de incomodar.
Fui e vou contra a corrente, não porque goste de briga, mas por entender que não existe outra forma de fazer jornalismo que preste. Pode parecer pueril, mas em cada crítica minha o objetivo sempre foi e sempre será abrir um debate ao cabo do qual as coisas possam melhorar.
Talvez um dia seja, como meu pai, professor de redação numa escola de jornalismo. Uma das coisas que eu diria para os alunos é que imprimissem a frase de Amis e a guardassem não na gaveta, mas no coração.