O sucesso da página “Humans of São Paulo”

Atualizado em 25 de julho de 2014 às 12:09

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Em tempos de 140 caracteres, microcontos, nanocontos e snapchat, uma página no Facebook faz sucesso com histórias breves, brevíssimas, de personagens da vida real paulistana.

O Humans of São Paulo traz a cada post, seis a oito linhas de relatos de moradores de rua, pedestres errantes e outros nem tanto, vendedores ambulantes, artistas mambembes. Sempre acompanhadas de suas fotos.

É matéria prima para as listas do Buzzfeed (que fez, claro), mas também palco de desdobramentos inesperados.

A fotografia de um morador de rua (os fotografados não são identificados) acompanhava o seguinte relato: “Eu moro na rua há uns 15 anos. Moro por opção mesmo, pelo menos nos últimos anos. Tive um tempo complicado na minha vida e no fim preferi acabar na rua a arriscar perder saúde e sanidade tentando fazer dinheiro. O que eu faço hoje é tentar tratar todo mundo com amor, e isso já me salvou muito na rua. Na vida toda, até. Se tem alguém que é bem tratado, recebe amor mesmo, e não retribui de alguma forma, eu não conheci ainda.”

O retratado foi reconhecido e identificado como Ricardo por um grupo que auxilia centros de assistência a pessoas que vivem na rua. Ele havia abandonado o Centro de Acolhida Portal do Futuro e estava nas ruas há meses. Agora, após sua foto estampar um post e consequente visualização, conseguiu uma vaga no Centro de Acolhida do Cambuci.

Com mais de 12 mil curtidas em menos de um mês, A Humans of São Paulo, segundo a descrição de seu perfil “traz pra perto as pessoas que vivem, constroem e formam São Paulo no seu dia a dia. São Paulo, one story at a time.”

A página é inspirada no Humans of New York. O original americano possui mais de 8,1 milhões de curtidores e qualquer coisa ali é partilhada em média 3 mil, 4 mil vezes.

É mais um reflexo de enfermidade social que as grandes cidades prescrevem. Pessoas cujos caminhos se cruzam diariamente nem se olham. Porém é grande a chance de encontrar aquela mesma pessoa virtualmente, à noite, numa rede social.

Todo mundo tem uma história, basta perguntar. Comece dando bom dia.