Os sábios do passado diziam que só os tolos se surpreendiam com alguma coisa, uma vez que tudo se repete o tempo todo na história da humanidade.
Pois neste momento admito: sou um tolo. Fiquei absolutamente surpreso com o texto que o publicitário Fabio Fernandes postou em seu Facebook a respeito de Lula e Marisa.
Qual a quantidade de ódio necessária para alguém escrever uma coisa tão baixa? Só pode ser um ódio infinito, enceguecedor.
Estamos falando não de um publicitário qualquer. Fabio é o F da F-Nazca, uma das maiores agências de publicidade brasileiras.
Fabio, em pleno sábado, deveria estar descansando. Mas não. Ele se deu ao trabalho não apenas de ver o vídeo do discurso de Lula no velório de Marisa; Fabio chegou ao cúmulo de contar as vezes em que Lula citou o nome de Marisa e o seu próprio.
Lula, segundo ele, estaria tripudiando sobre Marisa. Estaria tirando proveito de sua morte para se autopromover num veloriomício.
“Naturalmente que se deve respeitar o luto de qualquer pessoa”, escreveu Fabio, no que foi sua única frase civilizada. “Ainda que esta pessoa seja um pulha como Lula”.
A partir daí Fabio descarrilhou em sua agressividade delirante.
Mais do que Lula, a quem chamou ainda de cafajeste, ele insultou Marisa. Falou em Botox, cirurgias plásticas e em reformas em “imóveis que nunca foram dela ou do marido”, seu “sócio” por 43 anos.
“Eu não a agrediria no momento de sua passagem. Acho cruel”, seguiu ele.
Fábio não foi apenas cruel e cínico para escrever a sentença acima. Foi também medroso o bastante para deletar sua conta no Facebook antes de enfrentar as consequências do que fizera.
O blogueiro Renato Rovai tirou um print do texto a tempo. E registrou a resposta dada a alguém que, nos comentários, o criticou. Chamou-o de “burro” duas vezes. E, insulto máximo para quem pensa como ele, de “petista”. Quantos petistas haverá entre os consumidores das marcas da F-Nazca? Rovai notou também que nos anos presidenciais de Lula e de Dilma a F-Nazca foi uma das donas da conta multimilionária da Petrobras.
Fabio Fernandes é um dos mais admirados publicitários do país. Sua obra, cheia de prêmios no Brasil e no exterior, contribui para a imagem de excelência da publicidade nacional.
Mas este texto é uma mancha indelével, insuperável, grotesca não apenas em sua história e na da F-Nazca — mas na crônica da propaganda brasileira, por tudo o que ele representa para ela.