O transtorno bipolar da PM no primeiro ato contra a falta de água

Atualizado em 12 de fevereiro de 2015 às 22:28

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O ato contra a falta d’água ocorrido no MASP na data de ontem (11) testemunhou mais uma aberração comportamental da Polícia Militar do governo de São Paulo. Ela parece sofrer de transtorno bipolar.

Concentrados no vão livre embaixo do museu, cerca de quinhentos manifestantes protestavam. Sem haver um acordo sobre qual trajeto seria percorrido, a polícia determinou que a manifestação não poderia sair dali e ponto final.

O vão do Masp foi então cercado e manifestantes, imprensa e até não manifestantes começaram a ser pressionados pelo cordão de isolamento em direção ao fundo do vão livre. Nota: ali não há saída, o vão só tem abertura para a avenida. Laterais e fundos são verdadeiros penhascos.

Ainda assim a PM prosseguiu avançando e espremendo a todos. Agrediu, borrifou spray de pimenta. Sem nenhuma chance de fuga. Duas senhoras pediam encarecidamente para sair pois não tinham nada a ver com o protesto. A todos era negado. O vão livre não era mais livre, transmutado numa cela.

Esses “armamentos de dispersão” na verdade não são utilizados para dispersar quando se está confinando pessoas. É agressão pura e simples, repetindo algo ocorrido há poucas semanas dentro da estação Faria Lima do metrô.

Associada às agressões absolutamente desnecessárias, a atitude de isolar uma área pública como o vão livre (que possui esse nome por ser uma área pública, ali não é espaço do Museu), é estarrecedor. Deixando retidos não só manifestantes mas pessoas pegas de surpresa que estavam no fundo do vão ou mesmo aqueles que tenham tentado atravessar o espaço desviando do próprio cordão da polícia passando pelo lado interno, é de uma arbitrariedade injustificável.

Mas daí ocorre o inacreditável. Depois de muitas horas, muitas agressões e de manter todas aquelas pessoas no cativeiro de bela arquitetura, não se sabe de onde baixou uma crise de bom senso no comando da operação e o cordão foi desfeito (até ali duas prisões já haviam ocorrido de manifestantes que conseguiram furar o bloqueio).

Livres mas nem tanto, os manifestantes saíram pela avenida Paulista sentido Consolação, fizeram duas paradas simbólicas (em frente a Secretaria de Estado de Saneamento e recursoso Hídricos e no Reservatório da Sabesp) e terminaram o ato logo depois na praça Roosevelt.

Alguém explica a atitude da polícia? Por que passou mais de duas horas dizendo “não, não, não, não, não” e de repente disse “sim”?

Já acostumados com a truculência, aos olhos dos manifestantes a “autorização” parecia uma nova estratégia para reprimir o ato nas ruas alegando vandalismo.

A falta d’água certamente causará uma crescente alteração no humor da população mas o governador, o comando da PM e a Tropa de Choque já sinalizaram que não tolerarão nenhum inconformismo com relação a isso. São Pedro que nos acuda.