Homeland foi o grande vencedor do Emmy, o Oscar da tevê americana. Melhor ator (Damian Lewis), melhos atriz (Claire Danes), melhor drama.
Boa notícia.
Homeland é um corpo estranho no mundo do cinema e da televisão americana. Enquanto Spielberg faz tolices como Tintim e James Cameron o iguala em entorpecentes como Avatar, Homeland mostra a vida como ela é.
Um soldado americano volta da “Guerra ao Terror”. Lutara lá e acabara preso. Finalmente solto, depois de anos, retorna com status de herói aos Estados Unidos.
Ao mesmo tempo, uma agente da CIA, em missão no teatro da guerra no mundo islâmico, recebe uma informação segundo a qual um soldado americano aderiu aos inimigos.
Será o herói?
Esta a trama básica. Vi a primeira temporada e verei a segunda. Recomendo fortemente.
Homeland vira coisa de gente séria quando mostra o seguinte: o impacto que tem sobre um pai de família árabe a morte de seu filhinho por uma bomba americana. Desesperado, enraivecido, ele adere ao terrorismo.
Este o mérito maior de Homeland: dar espaço para o outro lado. O americano médio, enquanto alimenta sua obesidade física e mental comendo no sofá pipocas large size acompanhadas de Coca também large size, acredita na fantasia de que os árabes são ingratos por não retribuir com amor a generosidade de Washington ao levar-lhes democracia e civilização.
Homeland é a negação disso. Faz pensar. Que se multipliquem séries como esta. Porque boa parte dos horrores praticados por sucessivos governos americanos na cena internacional (e doméstica) deriva de uma sociedade alienada que acredita no mito do “campeão do mundo livre” – e vai engordando enquanto uma minoria predadora vai concentrando cada vez mais dinheiro e jogando cada vez mais bombas.