O Partido Social Liberal, que abriga, além do presidente Jair Bolsonaro, gente da lavra de Gustavo Bebianno e Luciano Bivar, é também o partido que mais candidatos laranjas exportou para as eleições de 2018.
Alvo das mais diversas denúncias por forjar candidaturas sem qualquer respaldo eleitoral tão somente para cumprir a cota mínima do número de mulheres, a agremiação que mais parece um asilo de militares reformados é também suspeito de se utilizar dessas candidaturas para a prática criminosa de lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos.
O caso mais escancarado foi revelado pela Folha de S.Paulo e responde pelo nome de Maria de Lourdes Paixão Santos, candidata a deputada federal pelo PSL de Pernambuco.
A criatura que jamais sentou sequer numa cadeira de vereadora aparece em terceiro lugar em volume de recursos do fundo partidário repassado pela sigla.
Soberana para utilizar os R$ 400 mil recebidos a título de financiamento de sua campanha, a ousada candidata resolveu investir praticamente tudo em apenas materiais gráficos conforme declarou na sua prestação de contas junto ao TSE.
De todo o generoso recurso que lhe foi disponibilizado, nada menos do que R$ 380.300,00 foram utilizados, “oficialmente”, com itens de divulgação ou coisa que o valha.
Ninguém precisa ser um marqueteiro de renome para saber que a “estratégia” de campanha da candidata tem problemas.
Pois bem! A coisa se complica.
De todo o valor gasto em materiais publicitários – 95,08% de sua pequena fortuna para ser mais exato – tudo foi, ainda segundo sua prestação de contas, para uma única empresa, a Itapissu Gráfica Ltda.
Tudo já seria muito estranho (para se dizer o mínimo) se o recurso financeiro não tivesse sido repassado para a sua conta eleitoral no Bradesco apenas 4 dias antes das eleições.
Segundo sua própria explicação, tudo se deu dessa forma porque sua candidatura foi decidida em cima da hora. Então tá!
Uma vez “decidida” sua participação no pleito, a então candidata não demorou em torrar a verba disponibilizada. No mesmo dia que recebeu o repasse (03/10/2018), efetuou duas transferências para a Itapissu nos valores de R$ 47.500,00 e R$ 261.000,00 conforme pode ser comprovado no extrato bancário remetido por ela própria ao TSE e lá disponibilizado a qualquer um que queira conferir.
Já no dia 11/10, passada as eleições para deputados da qual concorria, outras duas transferências para a mesma empresa, dessa vez nos valores de R$ 71.000,00 e R$ 800,00.
A essa altura Lourdes já estava ciente do seu desempenho nas eleições. Míseros 274 votos. O que equivale dizer que na relação custo/eleitor a ilustre candidata gastou cerca de R$ 1.459,85 por cada alma desgarrada que resolve lhe dar seu voto.
Não existe partido no mundo que sobreviva com uma performance dessa. A não ser, claro, que se dê o óbvio ululante: que nada nessa história tenha a ver com uma legítima candidatura.
Está claro que Lourdes Paixão serviu como laranja, mais uma, de um largo esquema de lavagem de dinheiro praticado pelo partido do presidente da República.
Mais claras ainda estão as provas documentais que mostram como tudo se deu.
Lourdes de fato transferiu praticamente toda a verba que recebeu do PSL para uma empresa suspeita apenas dias antes das eleições. Quanto a isso não se resta dúvidas.
O seu desempenho nas eleições prova que em nenhum momento houve efetividade ou interesse na sua campanha. Todos os caminhos, a conclusão é inevitável, levam a graves suspeitas.
O que mais escandaliza em tudo isso é que as principais evidências dos crimes que deveriam estar sendo rigorosamente investigados estão em poder do TSE.
Basta que algum desses magistrados, tão implacáveis contra partidos de esquerda, quebre o sigilo da Itapissu Gráfica Ltda e fatalmente aparecerão os verdadeiros beneficiários de todo esse dinheiro.
Isso acontecendo, recursos valiosos do fundo partidário poderão ser recuperados e o PSL, ainda mais desmoralizado, poderá ser legal e definitivamente liquidado da vida política desse país.