“Só comparável a Celso Pitta”.
Descontada a ironia, é como um tucano histórico definiu ao DCM a gestão de Ricardo Nunes à frente da prefeitura de São Paulo.
O vice indicado por Temer, que assumiu após a morte de Bruno Covas com menos de 5 meses de mandato, tem em comum com Pitta o fato de não ter conseguido impor voz de comando à administração municipal.
Com isso, permitiu que a cidade fosse entregue ao toma lá dá cá político, vivendo sob a tutela de grupos de interesses em diversas áreas.
A gestão, loteada, conta com nomes como o ex-senador Aloysio Nunes, que comanda a SP Negócios, com atuação na área de investimentos, e Marta Suplicy, responsável pela secretaria de Relações Internacionais.
O guarda-chuva municipal abriga também figurões herdados de Bruno Covas, como seu amigo número 1, Gustavo Pires, que da posição de eminência parda do então prefeito pulou para a presidência da SPTuris, agência de fomento ao turismo na cidade.
A pauta de Nunes quem comanda é o secretário de Governo, Edson Aparecido, que já foi deputado estadual, federal e ocupou a secretaria da Saúde no período da pandemia.
Edson, que é do MDB, mesmo partido do prefeito, afastou-se do cargo para concorrer ao Senado, em 2022, e retornou tão logo o pleito foi encerrado.
O resultado de ser comandada por um prefeito sem energia e sem capacidade intelectual para problemas complexos torna São Paulo um “trem desgovernado”, na definição utilizada pelo tucano consultado pelo DCM.
Kassab, atual chefe de governo de Tarcísio de Freitas, exerce poder na cidade?
“Muito”, diz o peessedebista. Temer? “Também”.
Ex-vereador da região de Santo Amaro, bairro da zona Sul, Nunes foi indicado para compor a chapa de Bruno Covas quando colegas de parlamento ironizavam a sua pretensão.
Acabou virando prefeito e alvo de desconfianças.
Os mais ácidos chegam a forçar a mão nas críticas, com piadas sobre interesse público.
Uma delas diz que no caso Pitta o último que saiu do governo ficou responsável por apagar a luz, mas agora o buraco é mais embaixo: o último está fadado a levar o grampeador, numa clara insinuação de que cada um cuida dos próprios interesses junto aos cargos que ocupam.
Vai tentar a reeleição
Ainda assim, Nunes não dá sinais de que vai desistir de concorrer à reeleição em 2024, quando deverá enfrentar nomes como Guilherme Boulos, do PSOL, o bolsonarista Ricardo Salles, atual deputado e ex-ministro do Meio Ambiente, e até o vice-governador do Estado, Felicio Ramuth, também cotado para disputar a prefeitura
Difícil, pelo andar da carruagem, será encontrar alguém competitivo para assumir a posição de vice na chapa.
“Quem vai querer entrar para perder?”, ironiza o descrente político do PSDB.