A determinação em pagar mico do grupelho Direita São Paulo parece não ter fim.
Proibidos de sair com o bloco Porão do DOPS, resolveram protestar contra o que consideram cerceamento à liberdade de expressão e foram – 10 gatos pingados – para a frente do Ministério Público. Sim, dez, eu contei.
E se era esse o contingente de foliões dispostos a sambar ao ritmo do hino nacional, o ‘movimento’ de direita deveria agradecer ao MP pois o bloco seria um fiasco.
Megafone em punho (para falar para 10 pessoas!?!?!), Douglas Garcia fazia um discurso que é, admito, surpreeendente. Ele resgata a União Soviética, tenta alguma conexão com a Venezuela, classifica o Ministério Público de comunista (!!), diz que só os protestos de direita são criminalizados.
Confesse leitor, você teria essa capacidade criativa?
Douglas chama a atenção. Todo transeunte, ao ouvir mesmo que uma pequena fração de sua retórica, prosseguia a caminhada aos risos. Nisso o ‘vice-presidente’ do movimento não difere muito dos pregadores da Praça da Sé, logo ali ao lado, vociferando sandices para uma platéia de cinco ou seis chapados que não têm nada melhor para fazer e que também parecem não estar entendendo patavina.
Afinal de contas, eles estão ali para reclamar de cerceamento na liberdade de expressão por não poderem homenagear quem não respeitava liberdade de expressão (e nenhuma outra). Entendeu?
É algo sem sentido os amantes da linha dura protestarem contra algum tipo de censura. A todo momento me lembrava de um senhor de idade, favorável à intervenção militar que alugou um caminhão de som para colocá-lo na avenida Paulista em meio aos protestos que pediam a cabeça de Dilma.
Quando a polícia, com rispidez, ordenou que ele tirasse o caminhão ou seria autuado e apreendido, o velho fez muxoxo: “A gente não tem liberdade”.
Como alguém enaltece o DOPS e depois reclama de falta de liberdade? Esse pessoal realmente não bate bem das ideias.
Mas teve algo pior. O Direita São Paulo fez algo que está proibido e sujeito a multa. Douglas, em frente ao MP, enalteceu o comandante Ustra ‘pelo Brasil não ter virado Cuba’. Policiais ao redor nada fizeram.
Se fossem secundaristas ou qualquer movimento social de esquerda que tivesse cometido uma afronta dessas, teriam tomado um enquadro na mesma hora.
Na página da rede social, o movimento se justifica. “Não enaltecemos a tortura porque não entendemos que o coronel Brilhante Ustra e o delegado Sérgio Fleury eram torturadores”.
Um raciocínio tão tosco como alguém que cometa um ato de racismo, justificar-se dizendo: ‘Não acho que foi racismo porque negro pra mim não é raça’.
É curioso observar que a maioria daqueles fascistas é de pardos. Douglas também flana na maionese sobre isso: “Os promotores de Direitos Humanos dizem defender negros e pobres, mas eu sou o mesmo estereótipo e me atacam porque eu não sigo a agenda deles”.
Foi a Promotoria de Justiça de Direitos Humanos do Ministério Público do Estado de São Paulo que, através de uma ação na Justiça, proibiu o bloco de fazer apologia à tortura. O primeiro ofício tinha sido assinado por 25 entidades de direitos humanos como o Instituto VladmirHerzog, o Grupo Tortura Nunca Mais, o Movimento Nacional de Direitos Humanos, a Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP, a Associação de Juízes para a Democracia e a Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo.
Eram míseros 10 gatos pingados, porém a sensação que se tem é que alguns daqueles meninos abilolados seriam capazes de cometer algo como o ‘colega’ extremista que em 2011 matou 69 estudantes noruegueses num acampamento.
Há algo de sinistro no olhar raivoso deles. Sentimos um misto de preocupação e pena.