Segundo policiais militares, dois oficiais do batalhão de Jundiaí, no interior de São Paulo, estão direcionando o voto da tropa nos candidatos à Presidência Jair Bolsonaro (PL) e ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos).
O UOL teve acesso a um áudio gravado em uma reunião a portas fechadas no dia 20 de setembro no Clube dos Veteranos de Jundiaí. O local fica a apenas 400m da sede do 11º BPMI (Batalhão de Polícia Militar do Interior). Na ocasião, houve diversas orientações aos servidores públicos para o dia da votação. Além de um dos policiais se posicionar politicamente no áudio, o recado ainda destaca que há partidos interessados em “acabar com a Polícia Militar”.
“Boa eleição, votem conscientemente. Lembrem-se que a agenda de alguns partidos é acabar com a Polícia Militar. Acabar com a Polícia Militar é acabar com a sua estabilidade, com a sua aposentadoria, com a sua qualidade depois que você se aposentar”, diz o oficial.
Ele também demonstrou desconforto com as regras da eleição: “Policial de serviço, tá fardado, vai votar, pode ficar com a arma. O descumprimento acarretará na prisão em flagrante por porte ilegal, tá? Então, o policial que descumprir essa regra poderá ser preso pelo porra do mesário, pelo porra do paisana.”
Um outro PM citou que o direcionamento de voto por parte dos oficiais não se limita ao áudio obtido pela reportagem. “A orientação é para votar no Bolsonaro para presidente e no Tarcísio para o governo de São Paulo para que a gente não corra o risco de perder nossos direitos.”
Policiais militares afirmam que o oficial flagrado no áudio é o major Augusto José Martinelli, subcomandante do batalhão de Jundiaí. Já o outro oficial citado, foi identificado pelos PMs como o capitão Samuel Barban Ruiz. Comandante da 1ª Companhia do batalhão de Jundiaí.
A PM-SP informou em nota que o recebimento da denúncia ainda não foi verificado pela corporação. O MP-SP (Ministério Público de São Paulo) disse que o caso foi para a Procuradoria-Regional Eleitoral. Além disso, o conteúdo foi encaminhado ao TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo), Ministério Público Eleitoral e Ouvidoria das Polícias de São Paulo.
Ouça os áudios: