OMS teme que a gripe aviária seja transmissível entre humanos: “Preocupação real”

Atualizado em 23 de abril de 2024 às 21:28
Funcionários vacinando as aves. Foto: Divulgação

A Organização Mundial da Saúde (OMS) expressou na quinta-feira (18) preocupação com a crescente propagação da cepa H5N1 da gripe aviária para novas espécies, incluindo os humanos, que enfrentam uma taxa de mortalidade “extraordinariamente alta” devido à doença.

O surto de gripe aviária começou em 2020 e já causou a morte de dezenas de milhões de aves domésticas, além de infectar aves selvagens, mamíferos terrestres e marinhos.

Causou surpresa entre os especialistas o fato de vacas e cabras terem sido infectadas no mês passado, pois não se pensava que elas fossem suscetíveis a esse tipo de gripe. A cepa A (H5N1) tornou-se “uma pandemia zoonótica animal global”, disse Jeremy Farrar.

Até o momento, porém, não há evidências de que o vírus da gripe A (H5N1) esteja se espalhando entre humanos. A preocupação é maior porque, nos centenas de casos em que humanos foram infectados pelo contato com animais, “a taxa de mortalidade é extraordinariamente alta”, disse Farrar.

De 2003 até 1º de abril de 2024, a OMS registrou 463 mortes em 889 casos humanos em 23 países, colocando a taxa de mortalidade em 52%. Em um desenvolvimento preocupante, autoridades dos EUA disseram no início deste mês que uma pessoa no Texas estava se recuperando da gripe aviária após ter sido exposta a gado leiteiro.

Funcionários tirando leite de vaca. Foto: Divulgação

Esse foi apenas o segundo caso de um ser humano com teste positivo para gripe aviária no país e ocorreu depois que o vírus infectou mais de duas dezenas de rebanhos, que aparentemente foram expostos a aves selvagens no Texas, no Kansas e em outros estados americanos.

Também parece ter sido a primeira infecção humana com a cepa do vírus influenza A (H5N1) por meio do contato com um mamífero infectado, disse a OMS. Ao entrar na população de mamíferos, o vírus está se aproximando dos seres humanos, alertou Farrar, acrescentando que “esse vírus está apenas procurando novos hospedeiros”. “É uma preocupação real”, acrescentou.

Farrar pediu o reforço do monitoramento, insistindo ser “muito importante entender quantas infecções humanas estão ocorrendo, porque é aí que a adaptação [do vírus] ocorrerá”.

Ele disse que estão sendo feitos esforços para o desenvolvimento de vacinas e terapias para o H5N1 e enfatizou a necessidade de garantir que as autoridades de saúde regionais e nacionais em todo o mundo tenham a capacidade de diagnosticar o vírus.

Isso está sendo feito para que, “se o H5N1 chegar aos seres humanos, com transmissão de humano para humano”, o mundo esteja “em posição de responder imediatamente”, explicou Farrar, pedindo acesso equitativo a vacinas, terapias e diagnósticos.

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