Onde foi parar a cruz em que Jesus Cristo morreu?

Atualizado em 31 de março de 2024 às 0:03
Representação da cruz em que Jesus morreu. Ilustração

A cruz, símbolo central do Cristianismo, guarda consigo um mistério milenar. Dezenas de mosteiros e igrejas ao redor do mundo afirmam possuir fragmentos da “verdadeira cruz”, onde Jesus Cristo foi crucificado. Mas, afinal, qual é a verdade por trás dessas relíquias?

Segundo relatos históricos, a descoberta da “verdadeira cruz” remonta ao século 4, quando a mãe do imperador romano Constantino, Helena, teria encontrado o objeto em Jerusalém. A história, narrada por Gelásio de Cesaréia e Tiago de Voragine, descreve uma série de eventos que levaram à identificação da cruz de Cristo.

No entanto, para muitos historiadores contemporâneos, a autenticidade desses fragmentos é questionável. Candida Moss, professora de História dos Evangelhos e Cristianismo Primitivo, ressalta que muitos objetos poderiam ter sido reutilizados pelos romanos para outras crucificações, tornando difícil a confirmação da origem das relíquias.

Mark Goodacre, especialista em Novo Testamento, destacou em entrevista à BBC o desejo humano por proximidade física com objetos de devoção, o que pode ter impulsionado a busca por relíquias cristãs.

O pesquisador Mark Goodacre. Foto: reprodução

Com o estabelecimento do Cristianismo como religião oficial do Império Romano, a busca por esses símbolos se intensificou. A cruz se tornou um símbolo universal da fé cristã, e fragmentos dela foram espalhados por toda a Europa durante a Idade Média.

Hoje, diversos locais, como a Basílica de Santa Cruz em Roma e a Igreja da Santa Cruz em Jerusalém, afirmam possuir partes da “verdadeira cruz”. “Toda essa história faz parte do desejo por relíquias que começou a ocorrer no cristianismo durante os séculos 3 e 4”, explicou Goodacre.

Apesar da devoção dos fiéis, a autenticidade das relíquias é frequentemente questionada. A datação por carbono, um método científico que poderia esclarecer a origem dos fragmentos, é considerada intrusiva e destrutiva, dificultando sua aplicação.

“Esse período de tempo, quase três séculos após a morte de Jesus, é o que torna improvável que os objetos encontrados em Jerusalém, como a cruz onde ele morreu ou a coroa de espinhos, sejam autênticos”, observou Goodacre.

Já o pesquisador Joe Kickell, que se considera cético em relação às origens dos fragmentos, conduziu estudos que não encontraram evidências conclusivas sobre a autenticidade da “verdadeira cruz”. “Não há uma única evidência que apoie que a cruz encontrada por Helena em Jerusalém, ou por qualquer outra pessoa, venha da verdadeira cruz onde Jesus morreu”, escreveu Kickell em um artigo.

Siga nossa nova conta no X, clique neste link
Participe de nosso canal no WhatsApp, clique neste link
Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link