Como um segundo mandato fraco, ele precisa parar de bancar o bonzinho e endurecer contra seus inimigos em Washington.
Publicado originalmente na The Week.
A grande questão em Washington surgiu numa pergunta de Jonathan Karl, da rede ABC, ao presidente Obama, numa coletiva de imprensa: “Você ainda tem a manha?”
“Manha”, neste contexto, significa a energia e os recursos para fazer o serviço (Karl presume que Obama algum dia teve a ‘manha’, o que é cada vez mais discutível).
Karl também perguntou sobre o fracasso do presidente em obter um projeto de lei sobre o controle de armas no Senado e deixou implícito como esses episódios mostram o quão ineficaz é Obama a apenas a cem dias de sua nova posse.
Obama sabia que seria desarmado pela NRA e seus comparsas no Congresso desde o início, mas enfiou o pescoço para fora de qualquer maneira. O fato de ter perdido a batalha pelo controle de armas diz tanto sobre seu poder (ou falta dele), como da contínua e implacável resistência republicana. Karl não perguntou sobre isso. Sua pergunta insinua que a fraqueza de Obama foi a única culpada por essas falhas legislativas. Isso simplesmente não é o caso.
Que teimosia é essa do Partido Republicano? Hoje, ela é maior do que nunca hoje.
Por quê? Porque o líder no Senado Mitch McConnell – que tinha a esperança de que Obama fosse presidente de um mandato – agora sabe com certeza absoluta que Obama terá ido embora em três anos e meio.
O Senado é 54-45 em favor dos democratas agora. Mas, das 35 cadeiras disponíveis em novembro de 2014, 21 são ocupadas por democratas, incluindo vários políticos que estão se aposentando.
Toda essa história da manha de Obama é, naturalmente, parte de um meme mais amplo e popular: Obama é indiferente, insular. Se ao menos ele fosse uma pessoa do povo, mais firme, as coisas seriam diferentes. Conseguiria impor muito mais sua agenda.
Eu não acredito nisso. Obama bebe. Ele joga golfe. Ele assiste esportes. Ele come fora. Ele faz um monte de coisas com republicanos e isso não faz a menor diferença. Eles simplesmente não querem sabe de conversa.
O problema não é que Obama não tem a “manha”. O que lhe falta, no seu quinto ano de mandato, é um entendimento de que ele nunca vai chegar a lugar nenhum com os republicanos. Em um evento para arrecadação de fundos na Califórnia no mês passado, ele disse que vai continuar tentando porque o país precisa. Ele acha que, no final das contas, os republicanos vão fazer, como ele diz, “a coisa certa.” Quem é ele para dizer o que é certo? Obama teve 51 por cento dos votos em novembro – não exatamente um mandato. Republicanos, como se vê, estão fazendo a coisa certa. E, ao contrário de Obama, não estão desgastando sua base. Estão jogando para ela.
O presidente ainda acha que pode mudar Washington. Ele não pode. Isso não é um fracasso. As forças contra ele – profundamente arraigadas, fortemente financiadas e bem organizadas – estavam aqui muito antes de ele vir para a cidade. Eles ainda estarão por perto quando ele sair daqui a 45 meses.
Então, o que pode Obama fazer? Ele pode parar de definir seus adversários em termos do que ele acha que são – homens teimosos que acabarão por enxergar o brilho em seu caminho – e começar a defini-los como o que realmente são: inimigos implacáveis, inimigos que estão aí para derrubá-lo, derrotá-lo, destruí-lo. Ele pode fazer campanha contra eles, arrecadar dinheiro para lutar contra seus adversários, usar contra eles as mesmas armas que usou para destruir Mitt Romney. Ele pode parar de dar uma de bonzinho, parar de esperar o melhor e começar a endurecer. É assim que as coisas funcionam em Chicago.