ONGs denunciam grupo Casino na Justiça francesa por desmatar a Amazônia

Atualizado em 3 de março de 2021 às 17:51
Casino. Foto: Wikimedia Commons

Publicado originalmente no site da RFI

Organizações de defesa do meio ambiente e dos povos indígenas denunciaram nessa quarta-feira (3) o grupo Casino na Justiça francesa. A empresa é acusada de responsabilidade no desmatamento da Amazônia através da venda de carne proveniente da pecuária extensiva no Brasil e na Colômbia.

“Povos indígenas da Amazônia brasileira e colombiana e ONGs da França e dos Estados Unidos apresentaram uma queixa no tribunal de Saint Etienne contra o grupo Casino, gigante mundial da distribuição, pela venda de produtos bovinos ligados ao desmatamento e ao monopólio de terras”, anunciou a coalizão de 11 organizações durante uma coletiva virtual.

Diante da sede do Casino, em Saint Etienne, no sudeste da França, as ONGs citaram a “lei sobre o dever de vigilância”, um texto francês de março de 2017 que obriga as empresas baseadas no país e empregando mais de 5 mil pessoas no território, ou mais de 10 mil no mundo, a tomar medidas efetivas para prevenir os atentados aos direitos humanos e ao meio ambiente em toda a cadeia de produção.

O Casino conta com mais de 11 mil lojas e detém a maior cadeia de supermercados do Brasil, através de sua filial Pão de Açúcar, e na Colômbia, com o Exito. Em 2020, a América Latina representou 46% das vendas do grupo.

Risco para o planeta

Sébastien Mabile, do Seattle Avocats, destacou durante a coletiva “um risco para o planeta inteiro” e que esta é uma “ação inédita (…), a primeira sobre responsabilidade fundada na Lei de vigilância (…) uma lei pioneira”. A ação visa obter do Casino “medidas eficazes de rastreabilidade” de produtos bovinos, completa Mabile.

“Pedimos ao Grupo Casino que tenha uma rastreabilidade rígida desde a primeira etapa de produção da carne até quando o produto é vendido em seus supermercados”, sublinhou Boris Patentreger, cofundador da ONG francesa Envol Vert, presente principalmente na Colômbia.

A coalizão pede também ao Casino mais de € 3 milhões em indenização, especialmente para as “centenas de milhares de indígenas” afetados, “por falta de vigilância” do grupo francês.