“Operação Bic”: Gabinete do ódio aconselha Bolsonaro a atrapalhar transição de Lula

Atualizado em 2 de dezembro de 2022 às 12:07
A penúltima aparição pública do presidente Jair Bolsonaro (PL)
Foto: Reprodução/Fabio Rodrigues/Pozzebom/Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro (PL), que se mantém quieto desde a derrota no segundo turno das eleições, vem sendo aconselhado pelo chamado “gabinete do ódio” a assinar qualquer documento que possa acabar tumultuando a transição, com objetivo de criar problemas para o futuro governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Precisando de ajuda, e com o Centrão cada vez mais distante, o ouvido de Bolsonaro tem sido dominado por “auxiliares”. De acordo com os relatos, eles defendem uma “operação caneta Bic” que dificulte a transição do governo Bolsonaro para o novo governo Lula.

Nesta segunda-feira (29), após uma reunião com o vice-presidente eleito e chefe do governo de transição Geraldo Alckmin (PSB), o atual vice-presidente e senador eleito Hamilton Mourão (Republicanos) explicou que Bolsonaro não tem participado do processo de transição entre os governos, mas disse que “está tudo bem”.

“Tudo andando”, alegou o general, ao falar sobre a falta de participação de Bolsonaro nos seus últimos dias como presidente.

Até agora, ao contrário dos antecessores na Presidência, o atual chefe do Executivo não recebeu, em nenhum momento, o presidente eleito para conversar sobre o próximo governo ou, até mesmo, reconhecer a vitória do petista.

Por outro lado, o gabinete de transição de Lula decidiu representar contra o governo Bolsonaro na Justiça, após detectar indícios de abuso de poder econômico durante as eleições. A equipe do presidente eleito identificou 2,5 milhões de pessoas sem os critérios necessários incluídas no Auxílio Brasil pouco antes da eleição.

O silêncio de Bolsonaro não é apenas sobre sua derrota, o presidente também não irá participar da Cúpula do Mercosul, que ocorre no Uruguai na próxima semana. A menos de um mês para o fim de seu mandato, Bolsonaro perderá sua última oportunidade de participar de um evento diplomático internacional como chefe de Estado.

Nesta quinta-feira (1º), o chefe do Executivo participou da cerimônia de promoção de cinco oficiais-generais do Exército em Brasília. Durante o evento, o presidente apareceu visivelmente desconfortável. O mandatário não discursou e nem falou com a imprensa.

Essa foi a segunda aparição pública de Bolsonaro em agenda oficial após a derrota no segundo turno das eleições presidenciais. Bolsonaro tem evitado ser visto até por apoiadores mais próximos e só retomou atividades oficiais nesta semana, quase um mês após o resultado das eleições.

Ainda assim, apesar do pouco tempo de mandato restante, menos de um mês, o ex-capitão ainda tem a ‘caneta Bic” e poderá, eventualmente, perturbar o início de um novo governo. Segundo a jornalista Andréia Sadi, do G1, o fato de Bolsonaro estar recluso não significa necessariamente que o presidente tenha se tornado uma pessoa pacífica.

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