Seis dos sete óbitos ocorridos durante a Operação Escudo na Baixada Santista, no último fim de semana, tiveram os respectivos corpos encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML) sem identificação. As mortes ocorreram em Santos e em São Vicente.
Em todas as ações, a Polícia Militar alegou confronto e disse ter apreendido armas. A primeira ocorrência foi registrada às 2h de sábado (3), pouco mais de oito horas após a morte de um soldado da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) em Santos.
Órgãos de defesa dos direitos humanos criticam a falta de transparência da PM na nova fase da Operação Escudo. As entidades cobram que a Secretaria da Segurança Pública (SSP) disponibilize os boletins de ocorrência das ações com morte e os inquéritos policiais.
Até o momento, a SSP não se manifestou sobre as críticas e não informou quantos corpos permanecem sem identificação após os supostos confrontos.
“A marca da Operação Escudo é a falta de transparência. O governo não pode criar uma rede privada de vingança”, disse o presidente do Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana), Dimitri Sales.
“É preciso entender a razão das mortes desses policiais, adotar uma política que previna a morte deles”, acrescentou.
A Ouvidoria da Polícia de São Paulo também cobrou informações ao governo estadual sobre as mortes, mas não obteve retorno até o momento.
Sem identificação, pessoas podem ser enterradas como indigentes. “Isso estabelece uma sanção aos familiares que não terão o direito de velar pelos seus entes queridos, se despedir deles”, disse Sales.
O presidente do Condepe também alertou que falta de identificação pode prejudicar os processos judiciais. “Ao não identificar essas vítimas, cria-se a possibilidade de desconhecer suas histórias e, portanto, abre espaço para uma narrativa que tenta justificar a chacina e a violência policial”, afirmou.