E agora? Aquela famosa e ameaçadora geração que questiona tudo, que não admite autoritarismos, que prega horizontalidades, que exerce multi-tarefas com facilidade, cuja auto-confiança num primeiro contato pode-nos parecer beirar a arrogância e que com bons olhos pode ser entendido como uma insubmissão sadia, está chegando à idade de tomar as rédeas.
E o que você tem com isso?
Bem, ela não deixará pedra sobre pedra, e empresas que não estejam sintonizadas com os princípios dessa geração, empresas que se utilizem de trabalho infantil e/ou escravo, que promovam desmatamento ou se utilizem de recursos não renováveis, que sejam emissoras de poluentes ou que menosprezem a inteligência, a paciência e desrespeitem o consumidor/cliente/usuário, estão sendo achincalhadas nas redes sociais e correndo sério risco de qualquer dia desses verem suas instalações invadidas como ocorreu com o Instituto Royal.
Tudo que for moralmente questionável, como os testes com animais para a indústria química, cosmética ou famacêutica, mesmo que permitido por lei, será duramente combatido (no Brasil o uso de animais em pesquisa, inclusive cães, é autorizado e o advogado do Instituto Royal apressou-se em afirmar que o local “passa por constantes vistorias e nunca foi encontrada irregularidade”). Para eles não importa.
Os representantes dos Y são objetivos, são diretos. As causas sociais e a preocupação com o meio ambiente não são mais exercício de retórica como no passado. Eles os defenderão com unhas e dentes. De cara limpa ou com máscaras e roupas pretas se preciso. No grito ou na porrada. Os últimos noventa dias foram o cartão de visitas e as manifestações são uma cerimônia de posse com roteiro anarquista (muitos capítulos e final imprevisto). São o anúncio barulhento de sua nova condição de comandantes.
Os critérios para seleção das causas não são lá muito claros. Por que o Instituto Royal e não a Zara, a Nestlé ou a Coca-Cola (para ficar em três das que possuem telhado de vidros frágeis)? É legítimo ponderar que a fórmula entidade de defesa dos animais + envolvimento de celebridade + apelo emocional com caráter de urgência tenha sido preponderante para colocar o resgate dos cães no topo da lista das prioridades e carente de uma “ação direta”. Mas será de grande imprudência acreditar que se encerrará por aí.
É certo que haverá excessos pois estamos num momento de virada, um turn-over na história da humanidade, porém serão “desculpados” pela pressa em compensar a morosidade até então vigente. O mundo precisará se adequar a essa geração, que deseja tudo para ontem. Portanto, se você tem um negócio, mesmo que legal, regularizado, com os impostos em dia, mas em desacordo com a moral da geração Y, repense. Talvez seja melhor mudar de ramo.