Em sua cavalgada rumo ao Planalto, Jair Bolsonaro não hesitou em se converter evangélico pelas mãos do pastor Everaldo no rio Jordão, em Israel.
“Estou cumprindo missão de Deus”, disse ele na campanha.
Na sabatina do Jornal Nacional, escreveu o nome do Criador, mais “família” e “Brasil”.
É amigo de sumidades como Feliciano, Magno Malta e Malafaia, sua mulher Michelle é de uma igreja na Barra da Tijuca e ele frequenta qualquer palanque, churrasco ou chá de bebê de fundamentalistas religiosos.
Damares Alves, a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, contratou para secretário executivo um pastor à altura de seu intelecto, que aparece num vídeo decretando que “casamento é entre homem e mulher e ponto”.
O chanceler e o ministro da Educação são seguidores de um sujeito que refuta Einstein e declara que a Pepsi Cola usa fetos humanos abortados como adoçante.
Todos defendem os valores cristãos.
Mas e a inteligência, artigo que falta a essa administração? Não é um valor cristão?
É evidente que sim.
O que a Bíblia diz sobre isso?
Em Eclesiastes, o sábio rei Salomão aponta que “o número de estultos é infinito”. Perfeito o diagnóstico.
Questiona: “Até quando, ó estúpidos, amareis a estupidez? E até quando se deleitarão no escárnio os escarnecedores, e odiarão os insensatos o conhecimento?”
Adverte: “O desvio dos néscios os matará, e a prosperidade dos loucos os destruirá”.
O italiano Carlo Cipolla, historiador econômico e medievalista, é autor de um ensaio chamado “As Leis Fundamentais da Estupidez Humana”, lançado em livro.
Resumiu sem querer o bolsonarismo, que transcende a questão ideológica:
“Esse grupo é muito mais poderoso do que a Máfia, o complexo militar-industrial ou a internacional comunista; se trata de um grupo desprovido de estatuto, sem estrutura nem constituição, sem chefe nem presidente, que consegue, no entanto, funcionar de maneira perfeitamente coordenada, de tal maneira que a atividade de cada membro contribui para ampliar e tornar mais forte e mais eficaz a de todos os outros.”
São Tomás de Aquino descreve mais de vinte tipos de imbecis: asyneti, cataplex, credulus, fatuus, grossus, hebes, idiota, imbecillis, inanis, incrassatus, inexpertus, insensatus, insipiens, nescius, rusticus, stolidus, stultus, stupidus, tardus, turpis, vacuus, vecors.
Há tolices brandas, graves, inocentes. Outras são pecado, aponta.
Os animais, escreve, agem movidos pela paixão. O cachorro que se irrita e começa a latir, o cavalo que relincha etc.
O insipiente, que abdica da razão, se reduz a um asno ou jumento.
Salomão reclamava que “os néscios me rodeiam como vespas”.
Salomão não conheceu essa turma. Glória!