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Por Moisés Mendes
Folha e Globo estão experimentando apenas as bordas do Bolsolão, o escândalo do orçamento secreto de R$ 3 bilhões descoberto pelo Estadão. Tudo por ciumeira, pela conduta analógica do século 20 de esnobar o furo dos concorrentes, por preguiça ou porque não têm fôlego.
Os jornalões não conseguem acompanhar o pique de um jornal pesado, cansado e envelhecido como o Estadão. Dão notas nos cantinhos de página.
Quase sempre é assim. Atitudes colaborativas no jornalismo, de reforço de uma pauta levantada pelo concorrente, são muito raras e só acontecem se uma redação não se sente humilhada pela outra.
Geralmente acontecem quando o assunto tem como alvo Lula ou as esquerdas. Foi assim no mensalão e na Lava-Jato.
Se Globo e Folha entrassem para valer nos pântanos do Bolsolão, o governo de extrema direita poderia ser abalado. Mas o Estadão segue sozinho.
Bolsonaro chamou os jornalistas de canalhas, por terem descoberto o desvio dos R$ 3 bilhões que o pessoal do Centrão usou para comprar tratores superfaturados.
Mas os jornais são cordiais com Bolsonaro e se negam a chamar o escândalo de Bolsolão, um nome já consagrado pelos sites ditos alternativos, blogs e pelas redes sociais.
Como são todos muitos sóbrios, e só adotam apelidos contra Lula e o PT, chamam de orçamento secreto ou, como prefere Miriam Leitão, orçamento paralelo. Que chamassem pelo menos de tratoraço.
São tão bonitas essas delicadezas dos jornalões com a extrema direita.