Publicado originalmente no Brasil de Fato
Por Polyanna Gomes*
O encerramento dos Jogos Olímpicos de Tóquio aconteceu neste domingo (8), e os representantes nordestinos deixaram os pódios muito mais dourados. Por muitos anos, competimos com um discurso que perpetua uma eterna miséria social e econômica da nossa região, mas esses atletas afirmaram e reafirmaram qual era a verdadeira posição do Nordeste no cenário brasileiro e mundial: com medalha dourada num pódio olímpico. Se já somos ouro nas urnas contra o fascismo, do outro lado do mundo continuamos realizando conquistas históricas.
A delegação brasileira chegou a Tóquio com 304 atletas, dentre esses, 47 eram nordestinos, sendo 29 mulheres e 18 homens. Todos os nove estados da região foram representados com pelo menos um atleta e, das 7 medalhas de ouro que o Brasil conquistou, 4 foram de esportistas nordestinos. Se fosse um país, o Nordeste teria mais medalhas que Espanha, Argentina e Portugal.
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Os pugilistas soteropolitanos Hebert Conceição e Beatriz Ferreira também conquistaram medalhas de ouro e prata, respectivamente, lutando de forma incansável daquele jeito que o nordestino sabe bem como é. E pra fechar, dentro da baía de Tóquio surgiu uma canoa em velocidade com o destemido baiano Isaquias Queiroz, que remou até seu ouro sem olhar para trás. Destacamos ainda a medalha coletiva do futebol masculino, com as presenças dos paraibanos Santos e Matheus Cunha, do pernambucano Nino e do baiano Daniel Alves.
Do choro de Ítalo à luta dançante de Beatriz Ferreira, o Nordeste permaneceu vivo. Ali, do outro lado do mundo, no maior evento esportivo do planeta, solidificávamos nossa história. O migrante sofrido, ‘candango’, ‘paraíba’ agora domina espaços, ganha respeito, conquista posições, pódios, medalhas e afirma que somos mais, que é possível.
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*Polyanna Gomes é jornalista e escrevinhadora das coisas lá do sertão, mas também é uma apaixonada pelo movimento de vida que o esporte proporciona.
Fonte: BdF Paraíba
Edição: Heloisa de Sousa