Publicado originalmente no Jornalistas pela Democracia:
Por Eric Nepomuceno
A capacidade de Jair Messias criar absurdos é admirável. E como agora ele está de novo acurralado, faz o que fazem os psicopatas nessa situação: reage atacando. No seu caso, ataca a esmo, com foco na imprensa mas espalhando fúria ao léu.
Enquanto derrete, expele asneiras e aberrações num maremoto de injustiças, inverdades, imoralidades.
O escândalo que explodiu na CPI pode, se tratado com prudência, chegar a um extremo cada vez mais urgente e necessário: que Jair Messias seja catapultado da poltrona presidencial. E ele sabe disso.
Em campanha eleitoral permanente, faz de tudo, menos governar. Mas disso, ele parece não saber.
Não é possível prever, ao menos por agora, o que fará o centrão. De momento, seus líderes não fazem mais que comprovar que é uma infâmia, uma injúria, dizer que são partidos que se vendem. Ninguém ali se vende: se aluga. Basta recordar que estiveram com todos – todos – os governos desde a redemocratização.
Jair Messias disse e insistiu, ao longo da campanha de 2018, que não admitiria a “velha política”. Como sua memória é quase nula, esqueceu que fez parte precisamente do que de pior existe na “velha política”, o centrão, ao longo de sua longa e obscura carreira parlamentar.
Disse e redisse que em seu governo não haveria corrupção, coisa que repete até hoje. Esqueceu do esquema de “rachadinha” que ele e seus filhotes promoveram e promovem.
Aliás, continuo à espera de uma resposta do senador Flavio Bolsonaro ao pedido que fiz aqui já faz um tempo: eu me dispus a entregar a ele o que sobrasse dos meus dinheiros (depois de cobrir gastos básicos tipo seguro saúde, luz, gás, condomínio, comida…) para ser administrado por seu talento único. Isso, com a esperança de em poucos anos poder comprar uma casa de seis milhões e tanto de reais.
Voltando ao desmemoriado Jair Messias: a corrupção começou em casa, e Fabrício Queiroz não depositou 89 mil reais na conta da esposa do Genocida a troco de nada. Nem foi dinheiro saído do nada.
Agora, Jair Messias vira as costas para antigos aliados. Uma injustiça atrás da outra. E no roldão das injustiças, uma salta aos olhos: ter aceito o pedido de demissão de Ricardo Salles.
É bem verdade que, fora do terno de ministro, Salles volta para a primeira instância, ficando livre do Supremo Tribunal Federal.
Mas a exemplo do que aconteceu lá atrás com Roberto Alvim, expelido do posto de secretário de Cultura depois de ter cumprido à risca, e com rigor fenomenal, a missão de destruir justamente as artes e a cultura do país. Ter plagiado atitudes nazistas foi apenas um reconhecimento grato.
Outro alvo da injustiça? Ernesto Araújo. Em nenhum momento da história da República, nem durante a ditadura, o Brasil ficou tão isolado no mundo. Pária radical, conforme o próprio Araújo havia antecipado.
Pois agora chegou a vez de Salles: desmontou tudo que poderia proteger o meio-ambiente e as comunidades indígenas, protegeu contrabandistas de maneira, protegeu o garimpo ilegal, ou seja, foi rigorosíssimo no cumprimento das determinações de Jair Messias.
Tivesse um mínimo de senso de justiça e gratidão, o presidente poderia, para manter seu seguidor de lealdade olímpica longe das grades, conseguir para ele um postinho qualquer no exterior. Afinal, já existe o antecedente de outra aberração, Abraham Weinbtraub, instalado em Washington e com os bolsos inflados de dólares.
Mas, definitivamente, gratidão e justiça não fazem parte dos hábitos de Jair Messias. Ao contrário.
Aliás, ele deve estar, por esses dias, com alergia de justiça. Trata de evitá-la a todo e qualquer custo, porque sabe os perigos que ela representa. Não para os outros: para ele e a filhotada.